Sorrateiro e precavido é na audácia onde se esmerava, actos continuados de conquistas faziam-lhe merecer a réplica constante do nome, muitas mães queriam-no para os seus bebés.
“Homem tem de andar com porrinho e faca Sandó, se ver coelho tem como matar e se encontrar carne não vai sofrer a espera de emprestar apenas no fim, corres o risco de ficares sem parte alguma para cortar”. Conselho dado repetidamente pelo meu.
Sandó é xará no acto nobre de emprestar o nome e a honra, muitas vezes faz-se jus e são herdados também os feitos e feitios! Que lhe não saia a ranhosice da velhice.
Creio ter-lhe surripiado a arte da conversa e olhar para além do desejo imediato, sem pressa e sempre com os dedos a contar os dias.
Quantas vezes não cruzamos para uma conversa singular! Quantas vezes hibernamos na noite que desconseguiu mandar-nos para o berço. Riamos-nos bastante e vezes havia que eu já chegava mesmo a abusar com o raio da paciência.
Éramos reais na visão, com a diferença única do grau dos sonhos ajustando-se aos objectivos.
Não bastava um copy and past ao BI, regras se impunham para o acto de pedir o nome. Um ritual, a benção e o brinde no bater de portas, pois, xará de verdade não é fantasia para entrudo.
A figura de sandó se confunde muitas vezes com a de padrinho pelas mãos de mimos que fazem passar pela nossa cabecinha cheia de fantasias, valendo os brindes para o orgulho e alguns tostões que metiam-nos na nossa pastinha.
A liberdade de abusar corrigia-se com o olhar atento da mãe ou do papá a impor regras.
“Deixa o miúdo brincar, deixa o sandó” – “Deixa não pai, esse gajo abusa. Xé sai das costas do avô, rápido”.
Pude perceber muito tarde que convergimos no fervor de uma amizade plena e que falta sinto deste sandó que jamais virá.
Hoje sou eu quem vai ganhando sandós, mantendo o devido cuidado de um dia não ser enterrado o nome com o corpo.
“HOMEM tem de andar com PORRINHO e FACA Sandó, se ver coelho tem como matar e se encontrar carne não vai sofrer para comer”
LT
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