terça-feira, 30 de abril de 2019

RUY MINGAS E A NOITE ÍMPAR DA CONSAGRAÇÃO DE UM HOMEM DE LUTA

[Os meninos à volta da fogueira / Vão aprender coisas de sonho e de verdade / Vão aprender como se ganha uma bandeira / Vão saber o que custou a liberdade]

Ouvir cantar Ruy Mingas foi sentir o ritmo no refrão da poesia que se entrelaça no nosso consciente comum. Cantar Ruy Mingas foi viver a unidade nacional e rebuscar a profundeza da alma na bandeira de um povo que só, e apenas, quer e luta para ser feliz.

A plateia no CCB viveu uma noite ímpar e rendemos-nos todos aos pés de um angolano cuja dimensão transcende o sentido único da sua existência enquanto homem dedicado a terra.
O abrir da cortina representou para os presentes, o testemunhar do render da guarda entre gerações, esta última, com a obrigação cuja obra do mestre devem eternizar.
Chamados à desafios inúmeros, a Nova Energia convidou Kizwa Gourgel, Totty Samed, Gari Sinedima, Dodó Miranda, Sandra Cordeiro, Brunno e Mendes dos Lyrikus, José Kafala, Edzila todos a solo e em duetos, tinham a missão singular de pôr em palco o canto de Mingas, o Ruy.

“Estou particularmente feliz por estar aqui com os angolanos e particularmente com os jovens Angolanos” palavras do homenageado a conferir irmandade como pressuposto de valorização dos filhos da mesma pátria.

As duas horas e meia fizeram-nos reviver momentos felizes, aberto com Xi yame (minha Terra) na voz de Kizua Gourgel, passaram Totty Sa’med e a voz eximia de Sandra Cordeiro, oh, que talento, que voz angelical enquadrada no recital.
A noite nostálgica docilizava temas de Bonga em Mona moma mwene kissueia uweza, mona mona muene kalunga nguma, as legendárias guitarras de Teddy Singui e Carlitos Vieira Dias tocaram as memorias de Belita Palma e Liceu Vieira Dias, o tio dos Mingas.

Foi o superar de cada interprete avisando que a noite seria para emoções acentuadas, estava criado um ambiente frenético para alicerçar momentos que marcam o nosso mosaico histórico cultural. A cultura ganha quando meninos de berço como Kizwa, Totty Sa’med e Daniel Nascimento se envolvem na música folclórica ao ritmo do reco reco e da Ngoma e arrasam num pé de dança cadenciado.
Cantares com poemas de Viriato da Cruz e António Jacinto em temas que não nos deixariam indiferentes, cantares com André Mingas num momento que foi sublime na voz de Gari Sinedima em “Oh Cipalepa eteke limue ndakusangele”, cantares com a nossa gente que se orgulha do seu cantor. 
O Show conciliava-se entre a trova e folclore dos Kituxes, o semba solto do União mundo da ilha nos fez dançar folgados no passo típico ao som da puita.
Se tivéssemos que definir um culpado da nossa alegria, a produtora Nova Energia seria intimada junto a PGR dos dias que correm, acredito terem feito deste show, um desafio a sua própria capacidade organizativa, para eles vai o meu Óscar, quem sabe um Apolo 12.

MOMENTOS DO  SHOW





Video do Show



G A L E R I A


Adorável Descontracção

Charme para exportação





















O dia da Felicidade
















Haja Homem
Entidade de alta segurança
Depois de um bom papo

O mesmo Cruz


Nossa Malta

Assina: Lauriano Tchoia
30/04/19 - Luanda



sábado, 27 de abril de 2019

UMA AULA COMPLETA DO PROFESSOR BRUNNO NETO


Brunno Neto foi o artista, cantor, regente, professor que se apresentou em grande na sala do Memorial Dr. António Agostinho Neto para nos deleitar de boa música, numa actuação sui generis.

Tomamos conhecimento que foi um concerto preparado ao detalhe, o cantor e os demais músicos não queriam de nenhuma maneira defraudar o público que ocorreria ao espaço e confesso que cerca de metade, foi sem saber o que os esperava.

Viveram-se aproximadamente duas horas, de um concerto do jovem que faz parte da casta de músicos, cujo investimento feito para a sua formação no Instituto Superior de Artes em Havana Cuba, o país jamais se arrependerá, dinheiro bem gasto pá. Em Brunno Neto temos sim um grande músico.

A festa foi lírica e fomos banhados por uma aula com temáticas supercomplexas de execução em termos vocal, cantar aquilo é preciso ter caixa e garganta com saúde a sobrar. Aposto que, se no mínimo duas filas daquela sala estivesse ocupada por músicos da nossa praça, confesso que no final, metade deles sairia dai a repensar na carreira.

O reportório fantástico do barítono levou-nos a ouvir Ich habé genug, um tema de Bach, cantor oriundo do sacro Império Romano-Germánico, cantou-se Comme parle vezzoso, Bella Cubana e eu sinceramente me esbarrei de boca aberta na interpretação de La Boheme do francês Charle Aznavour, adoro particularmente este clássico.


Estes foram os temas que começaram a dar voz a noite e a retirar o frio da barriga, tanto do músico como do público que passava a confirmar que não foi para aí perder o seu magnífico tempo.

Soavam palmas na sala e os assobios ligeiros deixavam de serem tímidos, acreditando todos nós, que para além de desfrutar, estávamos num lugar sagrado, pois repousa a escassos metros os restos mortais do primeiro presidente de Angola. Era também para nós uma visita ao Nguxi.

O mergulho na música clássica fez-nos viajar em temas do canto lírico, canto Erudito e Fantasma da ópera, fazendo sentir-nos invejavelmente num conservatório da idade medieval.

Entre todos os entretantos, vivemos momentos de pura teimosia quando o cantor Brunno Neto sacou temas Angolanos em kimbundo como Avó Beia, uma música de Pedrito que encaixou como o pé no sapato na voz lírica, canção vinda a propósito para a dedicação ao seus progenitores, o papa e a mamã, que se fizeram presentes no local para verem o artista deles.

Fez-se um Rock disciplinarmente aligeirado que nos fez reviver os tempos dos grandes como os Bittles, The Rolling Stones e outras bandas que rasgaram o mundo com o som metálico da guitarra.

Não faltando convidados como tem sido da praxe, o professor Brunno Neto trouxe a aluna Su Valente que mostrou que tem potencial e esta no caminho certo, veio outra surpresa na voz lírica de Marilia Alberto que depois de um dueto, ficou em palco para nos encantar de tal forma que; só Deus!


Com o andar dos minutos começamos a acreditar no ditado que avisa; o que é bom dura pouco, mas sabíamos que o caramelo viria no final, pois, eu a Dama, o Osvaldo Trombeta e o Christiano Nsungo nos deleitávamos de sorrisos rasgado, com selfs e o abanar aprovativo das cabeças.

Depois de interpretar Bonga na famosíssima canção Mona ki ngui xiça ou se quisermos (mona mona muene kissweia weza, mona mona mwene, calunga nguma), seguiu-se Yolando del hermano Cubano Silvio Rodrigues, um trovador intemporal, saiu da cartola Emanuel Mendes com o seu vozerão Tenor, dispensando tudo o que era microfone.
Foi um momento de empurrar com o sopro da voz qualquer barco em alto mar, onde juntou-se o anfitrião para ambos, cobrirem a ausência de Gomes por razões de saúde e escangalharam a sala.

Contando hora e meia sentados sem darmo-nos por isso, entra Jay Lourenzo com o tema It´s a man de Pavarotty e Jammes Brown num momento de bater palmas sem cessar e poder observar o queijo levantado dos sorridentes espectadores.

Sala cheia, boa gente, luz, som e banda de superdotados, foi o cenário que não queríamos ver fechar, tal, qual, criança cujo sabor do sambabito se esgota lentamente na boca.

G  A  L  E  R  I  A


A estreia da aluna Su Valente







Com o companheiro inseparável o tenor Emanuel Mendes 





O fecho com Jay Lorenzo

Os Pais
Senhor Domingos Neto e Conceição Capangue Neto

Lauriano Tchoia
17/04/19