sexta-feira, 2 de agosto de 2019

MAN BARRAS E A FESTA DOS EXONERADOS


A calma que Man Barras apresentava não enganava nenhum ser mortal vivente no planeta.
“Bom, …ou me chamo Man Barras ou atiro o meu nome e o corpo aos leopardos, isso vai ter de bater”. Ouvia-se repetir a frase inúmeras vezes nas últimas vinte e quatro horas.

“Considerando os milhares de exonerados dos últimos tempos, temos matéria, tema, motivo e capital humano mais que suficiente para uma festança das grandes” – Pensou!
Estima-se que nos últimos três anos e 22 meses, a cifra ronda aos quatro mil exonerados, com uma média de 60% por município, com Luanda e Cabinda a liderarem. Com este andar, vamos chegar rápido à meta prevista de um milhão.

Salão alugado na zona nobre da capital, excelentes gastrónomos, vinhos, gambas e kitutes. “Põe mais muteta, esses gajos quando caiem na desgraça, até o mabelé vira chocolate”. - Ria-se.
Man Barras fretou aviões Antanov para trazer os exonerados das demais províncias. Para o Bengo um autocarro e, para o Sumbe, duas chatas de madeira. “Já é bom demais, exonerado frustrado não faz escolhas”.
“Olha, evitem o máximo cruzar exoneradores-exonerados, com os seus exonera(n)dos, evitem também colocar futuros exonerados na ala dos próximos exoneradores”. - Orientava Man Barras, sempre sorrindo.

A Zona Vipissíma é para os exonerados reconduzidos a novos cargos e de grandes mixas, “estes ainda têm alguma voz”, os exonerados sem funções, diplomatas caídos, ficam juntos aos socorristas, próximos dos DSS (definitivamente sem solução). “Evitar servir bebidas espirituosas nesta ala, esses gajos só não ficam revús porque sei lá. – Avisava Man Barras.

Abriu o buffet com a música “senhor, director” de Pedrito. Mal começaram os primeiros acordes, quase metade da sala chorava e soluçava de recordações dos tempos; “ai como era bom”.

Farra rija, psicólogas comandadas pelas minhas sobrinhas Albertina e Cris, estas, declamavam poesias reconfortante, usavam saias curtas para imprimir motivação terapêutica.

Diante das camaras da televisão, havia gajos que fingiam desmaios exagerados, espumavam lamúrias, a ver se a mensagem chega ao mais alto nível, o mais próximo das lapiseiras determinantes.
  
“Oh compadre Samukongo não te conto; sabes a maior? Fechou a festa a própria Lixa, com a versão “Abre o livro com muitas maldades”, tendo provocado a fúria dos presentes, que nem sequer queriam ouvir o refrão que citava por ordem alfabética o nome dos exoneradores  municipais, provinciais e nacionais”.

Desde ontem, são agora quinze horas, ninguém abre a porta e nem sabemos se o organizador ainda esta vivo.

terça-feira, 23 de julho de 2019

MAN BARRAS e a sua implementação do PIIM

Não se sabe como, Man Barras, o trafulhas, fez do sonho seu cavalo de batalha e veio a torna-se administrador municipal, passou a ser o gajo que mija.

Dizia-se na boca pequena ter sido fruto de um feitiço grande, outros diziam ter ele um primo ministro das tantas, não era possível um homem recém chegado e sem militância reconhecida ter atingido tão alto cargo local.

Revoltava-lhe a miséria das populações, reuniu os quatro engenheiros e distribuiu linhas de actuação; “Tu Samukongo ficas com a cadeia de legumes, os outros ficam com a dos cereais, um, o mais gordinho, com as aves e suínos e o último com mandioca o banana”.

Tão logo foram cabimentados os valores para a implementação do PIIM Man Barras, o administrador, desafiou-se a si e aos engenheiros. “O povo não come estradas nem postos médicos”.
Saíram a madrugada, ele e os engenheiros, regressaram depois de setenta e seis horas com máquinas, sementes, insumos, e um camião, tudo comprado a pronto. Fizeram acordos com fornecedores e compradores para outros apoios, mobilizaram a comunidade que já estava de sobreaviso e dia seguinte estavam todos a produzir em massa, sob orientação dos engenheiros. 

“Onde anda o velho Kadomingo”? Ninguém o via a uma semana. Este que afinal era queixinhas dos outos e apareceu dias depois com uma delegação da província com ordem de exoneração do Man Barras, que só não foi preso, porque o povo revoltado não deixou.
Man Barras mudou-se da casa do governo para a fazenda e orientava a produção local, onde dois meses depois saia o camião de legumes, e meses seguintes ovos e leitões. O povo nem falava mais em posto médico, porque quem come bem não adoece à toa.

Com os lucros, devolveram o dinheiro do PIIM, a comunidade construiu a escola com seis salas e pagava os professores. Os miúdos que já não iam a escola devido a fome, nem mais queriam saber da merenda escolar, exibiam pão com churrasco e salada. 

O novo administrador que não sabia mais o que fazer com o dinheiro do PIIM, olhava envergonhado para o Man Barras que desfila vaidoso e o velho Kadomingo, de tanto desprezo até dos próprios filhos, acabou enforcando-se e enterrado apenas com a presença dos coveiros.

sábado, 20 de julho de 2019

MAN BARRAS - O metro entre querer e poder.


De visita a terra mãe, Man Barras vivia se beliscando para sentir se o corpo emagrecido pela zunga era mesmo dele, os olhos apardalados não o impediam de ver a felicidades dos outros.

 “Viva o camarada presidente fulano que nos faz bem” . “Viva”. É que o povo dizia viva, pulando, sem necessidade de espontâneos artistas, estes fazem-se.

A mudança de vida afinal não custa; A cerca de dois anos o município recebeu 20 tractores, duas sementeiras, e 3 alfaias para colheita de cereais, tudo enviado por sua excia, coisa de custos, mais ou menos dois Lexus.

Estava em efervescência a terra, o bom do presidente do novo governo que recebemos agora, fazia tudo para ver o seu povo feliz, logo depois de eleito, pegou em um município por província para pilotar modelos sustentáveis, com pouco dinheiro e participação do povo.
Abriu-se um banco de microcrédito e o povo recebeu dinheiro que pagou no final da campanha depois da colheita. Abriram-se lojas de semente e adubos e o povo comprou e pagou e restou para contribuir para uma pequena cooperativa habitacional que erguia casas sociais condignas que cada camponês pagaria em cinco anos.
O escoamento do produto, foi canja, compradores e produtores se uniram, terraplanaram as vias e o produto saia para as cidades em cadeia. Quatro engenheiros voltaram felizes a terra, entre eles o meu compadre Samukongo.

Furos de águas subterrâneas e ruas iluminadas com painéis solares traziam a felicidade e a bonança de modos que havia até mulheres que queriam ter dois maridos já.
Man Barras estava de boca aberta por ver que o povo afinal não é preguiçoso, bastam-lhe apenas meios, um bom governo e o resto era conversa.

As crianças luziam nos lábios de sorrir e nas barrigas cheias o brilho fazia espelho.
Planos na cabeça de Man Barras viraram infinidades, voltar a cidade, …nunca dingui, pena que entre planos e outros, estava acordando de um belo sono, filho da pe.u.te.a.

terça-feira, 30 de abril de 2019

RUY MINGAS E A NOITE ÍMPAR DA CONSAGRAÇÃO DE UM HOMEM DE LUTA

[Os meninos à volta da fogueira / Vão aprender coisas de sonho e de verdade / Vão aprender como se ganha uma bandeira / Vão saber o que custou a liberdade]

Ouvir cantar Ruy Mingas foi sentir o ritmo no refrão da poesia que se entrelaça no nosso consciente comum. Cantar Ruy Mingas foi viver a unidade nacional e rebuscar a profundeza da alma na bandeira de um povo que só, e apenas, quer e luta para ser feliz.

A plateia no CCB viveu uma noite ímpar e rendemos-nos todos aos pés de um angolano cuja dimensão transcende o sentido único da sua existência enquanto homem dedicado a terra.
O abrir da cortina representou para os presentes, o testemunhar do render da guarda entre gerações, esta última, com a obrigação cuja obra do mestre devem eternizar.
Chamados à desafios inúmeros, a Nova Energia convidou Kizwa Gourgel, Totty Samed, Gari Sinedima, Dodó Miranda, Sandra Cordeiro, Brunno e Mendes dos Lyrikus, José Kafala, Edzila todos a solo e em duetos, tinham a missão singular de pôr em palco o canto de Mingas, o Ruy.

“Estou particularmente feliz por estar aqui com os angolanos e particularmente com os jovens Angolanos” palavras do homenageado a conferir irmandade como pressuposto de valorização dos filhos da mesma pátria.

As duas horas e meia fizeram-nos reviver momentos felizes, aberto com Xi yame (minha Terra) na voz de Kizua Gourgel, passaram Totty Sa’med e a voz eximia de Sandra Cordeiro, oh, que talento, que voz angelical enquadrada no recital.
A noite nostálgica docilizava temas de Bonga em Mona moma mwene kissueia uweza, mona mona muene kalunga nguma, as legendárias guitarras de Teddy Singui e Carlitos Vieira Dias tocaram as memorias de Belita Palma e Liceu Vieira Dias, o tio dos Mingas.

Foi o superar de cada interprete avisando que a noite seria para emoções acentuadas, estava criado um ambiente frenético para alicerçar momentos que marcam o nosso mosaico histórico cultural. A cultura ganha quando meninos de berço como Kizwa, Totty Sa’med e Daniel Nascimento se envolvem na música folclórica ao ritmo do reco reco e da Ngoma e arrasam num pé de dança cadenciado.
Cantares com poemas de Viriato da Cruz e António Jacinto em temas que não nos deixariam indiferentes, cantares com André Mingas num momento que foi sublime na voz de Gari Sinedima em “Oh Cipalepa eteke limue ndakusangele”, cantares com a nossa gente que se orgulha do seu cantor. 
O Show conciliava-se entre a trova e folclore dos Kituxes, o semba solto do União mundo da ilha nos fez dançar folgados no passo típico ao som da puita.
Se tivéssemos que definir um culpado da nossa alegria, a produtora Nova Energia seria intimada junto a PGR dos dias que correm, acredito terem feito deste show, um desafio a sua própria capacidade organizativa, para eles vai o meu Óscar, quem sabe um Apolo 12.

MOMENTOS DO  SHOW





Video do Show



G A L E R I A


Adorável Descontracção

Charme para exportação





















O dia da Felicidade
















Haja Homem
Entidade de alta segurança
Depois de um bom papo

O mesmo Cruz


Nossa Malta

Assina: Lauriano Tchoia
30/04/19 - Luanda