quinta-feira, 7 de julho de 2016

MAN BARRAS – Os quinze já são + 2 p'ra fora

|SÃO CENAS MIZIRMÃS|!

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No final do dia juntava-se sempre ao amigo de infância, dava corpo uma conversa tranquila, revisando cenas que faziam o sorriso surgir à toa, como habitual, as 20h00 ocorria a mudança de canal para o telejornal no lugar da novela, nano Gildo não dispensa por nada as notícias sobre política, nem desporto.
Saiu a manchete e o suspense veio ao ar:

“Esse soba, esse soba, está mesmo velho, coitado! O perigo já não lhe assusta e pensa pouco para o meu santo gosto”?

Não acreditava no que via e ouvia, o indicador que ele queria ver estático tremia como catavento apontando para a imagem na TV.

“Este é o próprio cassule ‘pirigoso’, disseram que desde que os outros saíram, as noites, ele passa pelo buraco da fechadura e só voltava no dia seguinte se quiser. Ninguém acreditava, os guardas não aceitam segura-lo por medo”.

“Se te enfia um borno (dizia-se) cais e levantas apenas na segunda-feira da outra semana sem falta, mas terás de apanhar dois balões de soro fisiológico aplicados pelo enfermeiro do bairro que estudou em Joanesbourg e paga-se com dólares”.

“Man Barras não inventa, esse rapaz é apenas o mais novo, inclusive nem sequer deve ter feito dezoito anos”.
“Estás enganado Gildo, essa calma dele não me compra. Olha para as vistas do rapaz e vê como refila! Já chamou palhaçada e tudo, agora esta a dizer que não acredita em ninguém e mandou avisar que não vai desistir. Pensas que é por acaso que a adjunta do tio batinas escondia as vistas com cabelo? É só por gosto? Esse miúdo é ‘enjoado’, sabes de quem é xará? Sabes?, Estuda a história pá".

“Calma Man Barras este teu medo é demais, isso até assusta”.

“Calma você pá, estes putos tiram tática dos livros, misturam com produtos de quimbundo e uma explosão rebenta tudo. Não sobra nem areia, nem árvores. Já ouviste falar de Hiroxima e Nagasaki? Queres curvas nos olhos ou no bigode? Vou para casa refletir o futuro”.

Man Barras antes corajoso, hoje porém trazia katolotolo no medo das pernas. Foi para a cama e nem olho pregou, acordava aos sobressaltos chamando nomes estranhos, ameaçava defender-se com cacos de garrafas e lâminas de barbear, ao mínimo ruido escondia-se nos panos da esposa que dava-lhe um ‘cocos’ na cabeça.

Na manhã seguinte entre pesadelos e sono, ouviu no programa de rádio Ngola Yetu que o homem que julgou os rapazes vai substituir o lugar deles no calabouço. Esse feitiço do puto é mesmo grande, OKO! SÒ PODE!

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Katolotolo: Chicungunha. Cocos: Pancadas com o punho cerrado. Oko: Expressão de admiração


                                                                       

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