sábado, 24 de setembro de 2016

O SHOW DE WYZA NO JAZZMENT

Na passada quarta-feira celebramos o jazzment com Wyza. São razões diferentes, as que me têm levado a este espaço e o último motivo foi a oportunidade de ver Wyza num concerto completo, pois, das poucas vezes que o vi, foram apenas em participações com dois ou três números musicais seus, o que sempre me soube a pouco.
Confesso que nada tive a perder, dado que, João Sildes Bunga de seu nome próprio, foi um grande actor em palco, tendo procurado proporcionar um show ao mais alto nívelna lógica da simbiose entre o canto e gestos de dança, proporcionando desta forma um registo único do cantor. 
Na temática estrutural dos seus números e género musical, Wyza valoriza a música angolana de raiz, investe no sentido investigativo, agrega argumentos no tipicismo cultural da sua região, introduzindo motivos próprios de uma estrutura sólida que se rege na conduta transmissiva de conceitos distintos e de integração substancial.
Despertou atenção a importância que o músico dá à ‘voz’ como instrumento, tendo aparecido suis generis, com um trio de vozes masculinas bastante afinadas e disciplinadas, onde cada elemento se destacava pelo espaço adequado e o grau de importância e relevância que obteve no concerto.
Outro valor que vimos sobressair foi a percussão, com Gabriel a assegurar este elemento que dá vida a música do continente negro.
De sublinhar o reforço do legendário Teddy Singui que veio emprestar talento e uma qualidade musical própria da presença de um verdadeiro capitão.
O acto ficou marcado pela interpretação de títulos seus entre "Kana ya", "Mbangala", "Mawe", "Zemba" e outros, tendo sido ouvido também no tema Never lose your soul do grande Lozwa Kanza, sem deixar de ter-nos surpreendido com o clássico Umbi-Umbi, num conceito seu, mas bem conseguido.
Na linha dos vários estilos fundidos com kilapanga, rock, reagge, pudemos perceber a versatilidade do cantor, sendo um mérito por não cansar uma audiência atenta e fechou com o malogrado Pepe Kale, num número conhecido por nós por “Ecici, Essaia”, que nos desafiou a dar uns toques do quentíssimo dombolo.
Valeu a noite, valeu ter Wyza connosco e valeu Jazzmente.
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O Jazzmente já ganhou um espaço de referência, e mantem-se padronizado às boas práticas, agrada lá estar pelo ambiente que nos envolve e para nossa felicidade, vamos continuar a tê-lo, mas noutro espaço físico, o Zoodabar.
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VIDEO
Música Bakingo

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Banda:
GABRIEL - Precursão.
MARABU – Guitarra Solo
ESTANJSLAU - Coro
SANTIMÁ - Coro
STELA - Piano
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Sons, Cantos e Contos
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Fotos: Pagina do Jazzment

Repórter/Administrador: Lauriano Tchoia

G A L E R I A 











terça-feira, 20 de setembro de 2016

JACINTO TCHIPA, A CANÇÃO, O HOMEM E UMA ÉPOCA.

Dono de uma voz forte e rouca, fez da cartinha da saudade a esperança das mães e filhos deste pais.
Pudemos confirmar ontem na homenagem feita pela Zimbo TV, que a canção embalava os dois lados da trincheira, num tu-cá e tu-lá.
Maie, Meie, Maie, ela disse a mana kolela, a mandar mensagens de coragem. Como reza o cantor fez do umbundo uma língua que todos, mas todos queriam aprender e na euforia de saber falar, entender ou não, cada um a sua maneira virava-se, provando que a música goza o privilégio de ser de linguagem e dimensão universal.
Dois Top dos mais Queridos foram os cobiçados prémios com sabor a pouco situando-nos nos dias de hoje, e obras, mais muito para um contexto e época que se estava pouco voltado a troféus e loiros , no lugar de sacrifícios.
África Tunda Vo Welema com as versões um e dois, esta última numa roupagem á world music, para gostos dispares, deu para mostrar que o homem ainda tem muita palavra a dizer no nosso espaço musical.
Gostei do Xará Jacinto Tchipa Epalanga que deu um show nesta homenagem da Zimbo TV, mas que tem muita estrada a galgar, tem, muita pedra para remover, obstáculos gigantes, muitos mesmo rapaz.
E cuidado que o Tchipa não é só isso! Por obséquio queiram perguntar ao pessoal da fazenda e a sua secretária declaradissima na cumplicidade laboral com o líder musico. Até eu queria ter uma assim!!! Rssssssssssssssss
Tchipa, deu para ver que és feliz e só pedimos que venham as de General no ombro pah.

NDAPANDULA, xará Armindo Laureano, equipa TV ZIMBO e o grupo Média Nova.


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Para ouvir a música do cantor dar um click →    JACINTO CHIPA - ÁFRICA

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

LUKENY BAMBA FORTUNATO

Jovem no seu estado de optimização físico-intelectual, vive a arte e esgrime no máximo as suas energias e recursos para fazê-la acontecer.

Passa por ele o incentivo à música, dança, poesia, a comédia e outras variantes, numa sobriedade que se reserva a quem se entrega com alma e sabe o que persegue.
Adestra conceitos e expõe-nos a um público ávido em sacar a gravata e se esvaziar no hipnotismo de uma valsa ou Hip-Hop qualquer.
São actores, sociais e morais como tu Lukeny Bamba Fortunato que nos ajudam a perceber o mundo desde o seu melhor ângulo.
"Só o faz quem se doa". 
Parabéns e que somes mais de cem meu rapaz!

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Fazem parte do seu trabalho as marcas:
'Arte ao Vivo' - (Realizado no Espaço Bahia e Burako da Floresta.
'Eclético FM'  - (Programa da Rádio Mais)

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

SABEDORIA POPULAR

YAKELA OTCHILI, VINDIKIYA ESUNGA
Tradução Literal: Lute pela verdade, proteja a razão.
Contextualização: Esta mensagem popular chama-nos à observância do nosso posicionamento enquanto defensores de valores nobres. Aborda a orientação correta diante paradigmas que interfiram na nossa maneira de pensar e agir.
Fonte: Página da Diocese de Benguela.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

EUCLIDES DA LOMBA, A PLATAFORMA CANDENTE DO MAR DO MALONGO NO ROYAL PLAZA

SHOW DO MÊS
O músico deste mês foi Euclides da Lomba, uma proposta da Nova Energia, produtora com créditos bastantes no engenho de bem-fazer o merecido Show do Mês.
Como outros já realizados, este foi um espectáculo de elevado nível, com a particularidade de realçar o amor e todas as suas convenientes nuances, na dimensão dos temas que nos foram sugeridos.
Euclides da Lomba um senhor do extremo norte de Angola, espaço geográfico que o identifica por umbilicalidade e roga-se em não larga-lo por coabitação com os seus, veio ratificar os seus dotes diante uma plateia que se dividiu na entoação das estrofes e nas rimas dos refrões das músicas insinuantes.
As canções, ‘Quem me ama’, ‘Regressa Regressa’, Parrandeira’ e tantas outras do seu vasto reportório, trouxeram a tona uma vivência do realismo romântico na arte de amar com os devidos condimentos, uma vezes doces, outras vezes azedas, ou, talvez, amargas, mas cuja órbita se orienta neste fabuloso engenho de entregar-se aos ditames do coração.
Não foram mero acaso os sorrisos das senhoras que nos arrancaram de casa, numa rendição ao ídolo do amor e suas controvérsias, manifestamente felizes antes e pôs-concerto.
Quase ao meio do espectáculo, a sala emudeceu e fez-se a devida rendição com a interpretação de um hino verdadeiro de júbilo a sua progenitora «Homenagem 1947», uma mulher singular que se esmerou no direccionamento dos seus rebentos, fazendo destes os senhores que se apresentam, homens feitos para o bem.
Que o diga eu, que por força de uma dessas trafulhices juvenis quase levava um tabefe desta senhora de firmeza, ela que sempre achou-se bem no papel maternal expansivo aos que a circunda, pois do suor das suas mãos muito boa gente gozou do seu afecto e benesses, a Chindinha sabe disso. Pois, a tia Gracinda era a mãe de todos nós.
  
Lutchiana Mobulu 
confirmação do valor percentual
Lutchiana Mobulu, veio a meio do show dar o seu contributo numa participação que fez recordar o 100% deste artista, na sua maior gravidade.

Desde a intensa emoção sentida durante o entoar da música de abertura do espectáculo em homenagem ao Moisés Kafala, um trovador nobre desta terra, que acaba de deixar-nos órfãos da sua voz, o arrepio voltou em carga máxima, quando o cantor do mês fez os primeiros solfejos da música ‘Livre Serás’.

Bruno Netto a voz lírica do momento
Em consequência a participação de Bruno Netto outro caimanero, profissional adestrado à música Lírica. Este actor elevou o hino da liberdade e fez confirmar aquilo que considero o momento mais alto de Euclides enquanto criador musical, sentia-se isso nos violinos bem introduzidos e especialmente nas baquetes de Hélio Cruz, que se tornaram irrequietas e giravam na rebeldia de cada batida nos Tons, Caixa e no Chimbal, da sua Bateria “Pois, …Livre serás”.
O show inteiro foi marcado por cantos, palmas e algumas lágrimas de emoções, numa surpresa premeditada deste filho de Cabinda, que veio honrar a sua região e marcar um lugar de vanguarda no contexto do cancioneiro Angolano, perfazendo assim um notável arcar de testemunhas como herdeiro de cultores como Luís Gomes Sambo, os conjuntos Bela Negra, Super Koba e outros.
Só passa pelo Royal Plaza cantor aprovado e com Euclides da Lomba saímos deveras mobilizados, de tal jeito que, reproduzo aqui a conclusão de Cristina Silvestre no post de Mário Rosa de Almeida: - [Foi muito showwwwww ...... que elegância no tratamento musical e em palco.... q simpatia. ....]

Recadinho: Que Euclides desafie a si mesmo, a nós seus fãs e ao povo da província, levar este concerto à Cabinda, já.

"Livre Serás" o Hino do Cantor

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Sons, Cantos e Contos
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Fotos: Benvindo da Silveira - Show do Mês
Repórter/Administrador: Lauriano Tchoia (Chefe Kito)


====G  A  L  E  R  I  A=====


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domingo, 4 de setembro de 2016

MAN BARRAS E O PEDIDO DE AMNISTIA

SÃO CENAS MIZIRMÃS|!

“Marcelina me amnistia só mãe grande, me amnistia só minha casada”.
Foi assim que numa segunda-feira muito cedo apareceu Mam Barras com ares de cansado, podendo medir-se na pele e nos lábios que não servia-se de uma boa refeição, quente, a um par de dias.
Batia na janela do quarto, quando a senhora se estendia supostamente sozinha na cama imaginária, os filhos mais velhos no outro quarto, enquanto as meninas usavam a sala onde no silêncio da noite estendiam cobertores sobre sacos de serapilheira para repousarem o cansaço do corpo, ganho durante o dia.
O barulho convidando à espionagem dos vizinhos tagarelas, que não perdiam um milímetro da novela com mistura de drama, fé e romantismo.
Abriu-se a porta e Man Barras pensando ser Marcelina que vinha acolhe-lo, lançou-se ao peito a clamar por amnistia, mas ao abrir os olhos reparou que estava abraçando um rapaz de bigode fino, que aparentava ter 19 anos, supostamente, o primogénito que deixou com dez.
“Larga-me velhote”. – “Velho não pá, sou papá, até tu me desprezas seu mijão, até tu”? Replicou o homem que abandonou a família depois de ter sido nomeado chefe do comércio interno para a repartição de latarias importadas da EGROSBINDE.
“O senhor não tem vergonha, papá de que, ham”?
Saiu de casa a mulher com uma panela de água a ferver, que só não lançou ao homem por lembrar-se da mensagem de uma ex. presidiaria que apelava inteligência e astúcia na hora de agir.
“Me amnistia só minha mulhereeee, me perdoa de acordo a nova lei Marcelazinha”
“Desaparece homem, você é demónio. Basta um bocado de cargo, apanhaste velocidade, foste, desapareceste! Desta vez se enganaste! Me encontraste futuquei.
“Não fala assim minha mulher do eterno casamento, ninguém separa o que Deus uniu, é bíblico, qual é o homem que não falha?! Esta nova amnistia é obrigatória, só fica na cadeia quem matou cinco ou quatro pessoas. Isso de ir descansar uns anos com as outras nem sequer é crime, é relaxe masculino, porque é que não me aceitas fofura”?!
“Waweee, me amnistia antes que te processo por dolo a minha integridade, bem estar e recusa as orientações superiores. Se até comandantes da corporação, juízes e altas entidades cumpriram a ordem, é vocês mais uma cabornacho de mulher”!
Num último truque, Man Barras lançou-se ao beijos no queixo e no peito, mostrando afecto em hasta pública, na intenção de despertar momentos bom, passados em tempos idos e acalmar a mboa, Em reacção desta intromissão, saltou de casa um homem quase da sua idade, que os filhos chamavam por papá.
Num impulso agressivo, deu-lhe um safanão que o estatelou ao chão, quis enfrenta-lo depois de levantar-se mas viu o peito de mandingo do oponente era de fazer estremecer pugilista profissional e achou que a melhor via de sair inteiro era dar duzentos quilómetros por hora para qualquer sítio que o acolhesse completo.
Na tentativa de olhar para trás e medir a velocidade do adversário que o olhava parado abraçando Marcelina, encaixou o pé esquerdo num buraco e ao tira-lo quebrou a tíbia, enquanto do bolso do casaco encardido, caia um pedaço de pão com peixe frito que o cão apreçou-se a comer.

“Ai meu pão do almoço, aí o pão que guardei desde ontem, tirem só da boca do cão por favor, (apontava para a boca do Pitbul encolhendo a mão para não ser engolida como sobremesa) não sei se vou aguentar a dor do pé partido ou a fome na barriga ao mesmo tempo. Marcy minha princesa não tem problema, só fiquei dez anos e três meses ausente de casa, ao menos devias ter esperado por mim. Já que tens outro no meu lugar não tem problema, posso aceitar sermos dois ao mesmo tempo, como sou boa pessoa, eu é que te amnistio eu Marcelina, ai we me levem no hospital ou no papá Kitoko, quero desmaiar um bocado”!

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

MOISES KAFALA A DIMENSÃO DE UM HOMEM QUE SE REFEZ NA FLAUTA!

Parece-me que certas coisas nos caem das mãos ao mínimo gesto, sem o aviso das mais vulgares cogitações e sai-nos do máximo, tudo o que nos representa na amálgama de um sopro que se esvazia no olhar impotente.
Como no sonho ligeiro, oiço o refrão da flauta, esta tua outra voz, que te deu vida e mergulhou neste globo que nos representa como figuras de massa física.
[Sou eu quem renunciou a vida] no verso entoado por Neto que abriga-se no canto desta renúncia impossível e eu aqui neste passivo me resignando de ti num as de copas.
Vi-te Kafala com José seu irmão nos combates da vida, erguido nas tribunas que elevaram esta pátria, no módulo mais assertivo do cantar Angola que tu amaste desde os Dembos, lugar híbrido do teu cordão umbilical e a réplica dos feitos herdados de Ngola Kiluangi nesta Bula Tumba que te fez nosso.
[Vakwe, ie iei eia vosi vafa ah, ah, ah] = (Tradução: oh, todos morreram) canção de consolo na trova das cordas da guitarra, e o som que se esvai na tumba, onde jamais te queríamos ver.
Doí o momento, revolta o minuto de te ver descansar sem cantar o canto que mais querias, massacra a dor se perceber que se cala a voz do meu trovador.
Como não parar e te ver cantar a nova trova de intervenção com Sílvio Rodriguez e na poesia de Pablo Milanes, entoar Pata Pata com Miriam Makeba numa arena qualquer de Berlim, este jazz e o blue de uma época dos cancioneiros do teu, meu tempo.
Revolta-me ter-te aqui ausente, sem o respaldo místico das notas quarternárias em Dó Maior.

E agora, vivei, cantai, chorai e agora, quem vai tocar a tua flauta, Moisés Kafala!

Moisês Kafala
Pablo Milanes
Miriam Makeba
Sílvio Rodriguez