domingo, 2 de setembro de 2018

SAMANGUANA "O GRANDE"

Nas vestes de soldado trajando calça e camisa Orix, bota militar aos pés (não havia sapatos para qualquer) destacado na 2ª Região Politica Militar, vi Samanguana a dar um show que jamais se apagará da minha memoria.
Eram vividos os anos oitenta, quando andar de cabelo a uma altura média contrapunha-se as nossas cabeças lisas de hoje.
Ouvi pela primeira vez as musicas deste senhor na rádio provincial de Cabinda, num momento de escassez de musica nova, elas tocavam numa média de oito vezes ao dia em todos os programas, (excluindo os programas pio).
Na condição de soldado o único meio de ouvir musica era a rádio, meio este oferecido pela direcção politica para nos manter informados, a alternativa a rádio acontecia quando fosse ao final de semana visitar a mamã Françoise, dama elegante do chefe Progresso, que dispunha de um aparelho com colunas, cuja musica tocada era apenas de Samanguana alternando com a de Bonga por serem os únicos discos em casa.
Com Matadidi Mário
O disco redondo, long play de vinil, com cerca de dez centímetros de diâmetro, tocava da primeira a última musica e não cansava ser ouvido, na vontade de dar uns toques de dança, ainda que, apenas mexendo o pescoço.   
Ai Love Maria Tebo Tebola, Suzana Kulibaie, eram para mim os destaques entre tantas as outras, que faziam par ao Maria Kasputo, tem funge tem burbulha não soubeste bicular (especulava-se tratar-se de uma piada de Bonga a primeira, primeira dama por ser mindele (branca em fiote).
O ponto máximo de Samanguana, para minha felicidade, foi vê-lo ao vivo no repleto estádio do Tafe. Musico tratado como rei em carro executivo do governador Armando Dembo, com direito a batedores e escolta de alta segurança.
Para não falhar ao show trocara meu turno de serviço fingindo-me em “doente politico” dias antes, para baralhar a escala de serviço.
O Homem deu um grande recital de rumba e carregou um trofeu, levando uma moça que destemida rompeu o cordão de segurança, subiu ao palco e dai soubemos que a levou aos camarões onde, segundo a Chindinha, viveram e fizeram uma linda filha.
Foi este homem que reaparecido no Royal Plaza após cerca de vinte anos, com algumas rugas mas a mesma performance e a ginga.
Sobre Samanguana há muito por se contar.


G A L E R I A






























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