terça-feira, 5 de setembro de 2017

REFLECTINDO A MORTE DE NACOBETA

Uma reflexão profunda se impõe a volta da morte de Nacobeta e muitos outros da nossa praça cultural.
Fico triste quando morre alguém ligado as artes, e mais triste ainda me torno, quando me apercebo que quase todos acabam mal, pessimamente mal, transformados em pedintes, figuras de mão estendida bradando por um pão e uma pica qualquer que alivie a dor.
No entanto fico também surpreso quando se culpa em coro o ministério da cultura, que devia fazer alguma coisa, que devia ajudar na doença e outros tantos que deviam, sem que haja conformidade legal que os assista a clamada exclusividade!

Não venho, contudo, dizer que este órgão e outros do estado sejam assim inocentados, mas não vejo de bom tom que os mesmos sejam vistos 'apenas' como pronto socorro um 113 na hora da agonia senão vejamos:
O mecânico, o professor, o médico, devem dividir-se a que ministério? Não fazem muito para o pais? O Advogado, o tractorista da funda e o coveiro para aonde devem ir para que ministério!
O problema, no entanto, é mais profundo do que uma aspirina para salvar o cantor? Enfatiza-se mais o cantor porque este grito não surge tanto quando se trata de um artista plástico, um editor, um técnico de luz e som, uma bailarina porque?

Temos de ver essa problemática com os olhos de ver, sob pena de andarmos em paliativos, porque no mundo das artes, estamos diante uma profissão liberal e a exemplo disso sabemos que figuras falecidas como os músicos Michael Jackson, David Bowie, Prince, Leonard Cohen, Sharon Jones, Cauby Peixoto e George Michael, acredito que não foram pedir nada a ninguém diante a sua morte, nem se tenha feito espectáculo para angariação de fundos, senão para homenageá-los.

Estamos a pedir pouco e desejar nada.

O que na verdade o musico e qualquer outro profissional liberal precisam é de legislação e protecção, entre elas uma carteira profissional, receber benefícios que vão desde os caches pêlos espectáculos e os direitos autorais, com estes ganhos pagar impostos, descontar para um fundo de pensões, contractar seguros de vida e de carreira.

Pedir medicamentos, urna e comidas para óbito é pedir muito pouco, peçamos sim dignidade e espaço para trabalhar.
O talento não se esgota com a passamento físico e a ser assim, até depois de morto o artista vende.

“Descansa em paz e que venhamos a aprender algo com a sua partida”

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