segunda-feira, 4 de setembro de 2017

JOVENS COMO ESSE HENRIQUES SÓ ANIMAM

[O porco não morre na cama do hospital]

Passo a passo se faz o caminho.
Jovem na sua dimensão da vida, um metro e poucos centímetros, tudo para dar um bom guerrilheiro daqueles da primeira região, os então celebres irmãos cambutas do finado comandante SKS, faziam fugir o Kaputu muangole wandala o kutugiba.

O também engenheiro de profissão Henrique Jorge deu-se com as mãos em terra desbravar e hoje por hoje, consolida-se no plano do agronegócio.

Conheci-o num momento de frustração onde tanto ele e a sua criação de perplexos porquinhos planificavam a vida ao contrário, por verem larápios sem algum esforço, investirem na calada da noite porque estavam a “semar” apetites de carne de porco nos dentes e tinha logo que ser os leitões deste meu novo amigo.

Roubam já e vão, nada! Davam sempre umas galhetas no único guarda da fazenda a ponto de lhe lesionarem o braço, mas como eu não alinho com estes truques da presunção de inocência, desconfiava que o tipo do semi-guarda devia andar metido no truque de comer também a carne. O meu faro de detective de Kimbundu interpretava aquelas historias de roubar e para não te desconfiarem pedes uma boa surra de te inflamar o focinho.

Felizmente os poucos que tinham restado tomaram outro rumo e hoje por hoje apôs o glorioso resgate respiram salvos e bebuchinhos que kuia da vida, até que um forno ou uma boa caldeirada os receba para a gloria eterna.
Porco tem esse destino, não morre na cama do hospital, te criam para te comer nos alembamentos ou no natal se não te fizerem chouriço.

Enquanto pensava que era o descalabro tinha atingido o meu amigo, nada disso, o rapaz dos petróleos refaz-se como rambo, quase nem sente o carinho matinal da parceira, coisa que homem feito não dispensa, inventa desculpa e desde as quatro da manhã, sai para ver a terra germinar legumes no seu espaço junto a lagoa da Funda Kilunda em Luanda.

Fico deveras satisfeito por ele estar feliz, e vê-lo distribuir tomates, sorrisos e cebolas da cesta básica singular.

Deixo o recado que nesta fase da diversificação, estamos intimados a comer os produtos da fazenda Âvo Tete, sob pena de sua mãe vir a ser mbika.


GLOSSÁRIO
Cambutas - Pessoa de pouca altura
Kaputo Muangole Wandala o Kutugiba - Os colonos em Angola querem nos matar (Letra da musica do cantor José Eduardo dos Santos)
Semar -  Pessoa com apetite estranhos geralmente ocorre em mulheres em gestação
Galhetas - Bofetada (calão)
Kimbundu - Neste caso alguém da região ambundu.
Surra - Porrada
Bebucho que Kuia - Bebezinho saboroso (Nome de um músico angolano
Alembamento  Kulamba, acto de noivado.
Mbika - Calão sem tradução própria, mas usada para abusar alguém

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