domingo, 31 de julho de 2016

SANDRA CORDEIRO E O REGRESSO EM GRANDE

Esta voz madura do AfroJazz que é Sandra Cordeiro fechou como abriu o último show da primeira fase da temporada relativa a IIIª Trienal de Luanda. Com poesia no timbre da voz e na letra da sua canção parou a plateia madura que se fez a este magnífico espaço.
Foi uma viagem entre o soul music o blue, kilapanga e massemba num concerto que teve uma caracterização própria que assinala a Sandra em palco e quem diria que ela vem de uma pausa forçada pois maternidade!
Nas canções apresentadas, passamos por ouvir os temas Tempo, Luandense, outros tantos e o Ji Minina, obra de Filipe Mukenga que quase não fechava o show. não fosse o bis a pedido do público. A interpretação bem conseguida faz deixar aqui um recado para que Sandra invista mais um pouco em temas nas línguas nacionais, como contributo ao resgate e valorização do património comum e o gozo de viver momentos próprios desta terra. “Faça isso minha amiga que vai dar certo”.
Foi um show caracterizado pela humildade e sabedoria da cantora, que tratou de interagir de forma intimista com um público formado por apreciadores, profissionais de imprensa, até cantores (seus colegas) que deram uma valorização ao concerto em si, numa demonstração de quanto é querida.
Seu corpo pequeno enchia o palco num domínio real de quem assenta com perfeição e mestria no seu ‘métier’, bem como soube estar a altura da nata de rigorosos instrumentistas que este país possui nesta temática. Um a parte para sublinhar que entre os demais executantes, sobressaiu desta vez Nino Jazz, o homem dos teclados, por sinal grande produtor da música clássica, não fosse por si, o arranjista de vários temas da própria Sandra, Totó, Gabriel Tchiema, Filipe Mukenga e Zau, Ndaka Yo Wiñi, só para citar estes nomes.
Não calhasse o friozinho da época e o sono a pedirem o regresso para o berço, a indisposição em arredar pé seria maior.
Pois bem nossa Sandrina, és um caso para no meu sorriso dizer tão-somente; wellcome back.

                                         Video da música "Esquece"

***
Composição da banda:
Viola Baixo: Mayo Low
Guitarra: Toty Sa'Med
Baterista: Dilson Groove
Saxofone: Raider
Teclados : Nino Jazz


...
Sons, Cantos e Contos.
Facebook: Sons, Cantos e Contos
Blog: Sons, Cantos e Contos - http://contosasp.blogspot.com/
Administrador repórter: Lauriano Tchoia
                                                                         

sexta-feira, 29 de julho de 2016

MAN BARRA - SEGUE VIAGEM À TURQUIA

|SÃO CENAS MIZIRMÃS|!
_____

Depois de ter passado pela fronteira do Necuto no Mayombe encontra-se com macacos e toda a espécie de animais, uns felizes outros nem tão simpáticos assim, visitou algumas bases antigas da guerrilha e lá ia o Man Barras pensando na admiração do polícia fronteiriço quando em resposta a sua pergunta informou que iria à Turquia.
“Meu irmão tens coragem e tenha uma boa viagem, olha que ainda falta muito, mas como vais por uma causa nobre e pareces destemido, …avança papá”. Lá entregou ‘de volta’ o passaporte com o visto de saída e entrada das Nações Unidas ao futuro herói.
Já em território Congolês, pensando passar pelo Gabão e chegar ao Egipto para atravessar o mediterrâneo a canoa, encontrou uma comunidade de caçadores que ao saudar “boa tarde meus senhores” não entendendo a língua, apenas um respondeu; “Ndengue nini”?
“Ndengue nini o caralho, falem lá o português, até aqui bem longe também tem langas”?
Os coitados dos caçadores da RDC, na RDC não percebiam o que falava o homem, mas não eram tão burros a ponto de não verem que o tipo era cheio de arrogâncias. Meio assustados com o destino do homem viajante, tremiam de medo no lugar dele.
De longe vinha o chilrear dos pássaros que aproximavam-se, começaram a rondar o homem como que a avisar sobre algo mal, mas a coragem dele vencia todos os metros a sua frente.
“Ché, ché quem esta ai no capim? Aparece, mostra a cara”?
Nem terminou o apelo, sai dos arbustos um leão que vem a sua frente, quando virou vinha uma leoa atrás de si e a todo o gás o coitado do homem saiu como flecha em direcção a árvore mais próxima, aos gritos”
“Wa weee, dois contra um não vale, isso é contra os direitos humanos, wawé, sou da igreja católica, sou amigo pessoal de sua santidade o papa Chico e de todos os ministros e deputados de Angola, deixem-me ir até a Turquia, sou Man Barras o herói das guerras que ainda não combati”.
Correndo e falando, entre quedas, pinos e rastejos, mesmo ferido por uma dentada tremenda da leoa na perna direita, o homem apanha um galho da árvore e jogando-se como um dardo, subiu para o ramo mais alto e empoleirou-se, sem saber se chorava de dor ou de medo, tremia que nem batatas soltas na frigideira eléctrica.
Tendo sido salvo momentos depois pelos caçadores anteriores, dados os gritos ouvidos que pareciam trovoadas, desceu da árvore a desconfiar do regresso dos leões malandros e voltou numa tipoia até a fronteira, com a perna amarrada e ligaduras até a cabeça, informa o sucedido ao polícia fronteiriço:
“O chefe devia falar-me do perigo, mesmo esses langas ai, sabiam dos leões e não me avisaram. Eles são bandidos, são mais perigosos que os leões, foram eles que agitaram e mandaram ‘xe-kuata’, eu não vou mais à Turquia, wawé, wawé, quero ir na minha mãe, me paguem só um bilhete de avião”. A SUKU WANGE, NÃO TENHO SORTE!
---
NI: Sinceras desculpas pelo uso de uma  palavra pouco simpática no texto, dado o carácter do personagem e o uso geral no real, não conseguimos contorna-la.
-Langa- Nome 'pejorativo' atribuído aos retornados do Congo, retirado do apelido do músico Zaiko Langa Langa.
-Ndengue nini – Então, como é? (Questionamento)
-Wawé – ai (Grito de dor)
-Xé-Kwata - Agarra

****

quinta-feira, 28 de julho de 2016

PETIÇÃO| Ó PÃO PÁ - MBOLO - O MBOLO

|SÃO CENAS MIZIRMÃS|!
_____
Pão nosso de cada dia que estas 40 Kz, onde queres nos levar?
Se somos assim tão pecadores, perdoai as nossas culpas e volta só onde saíste.
ASSIM, QUAL É A TUA IDEIA?
                                                               
                                                              

terça-feira, 26 de julho de 2016

GARI SINEDIMA - O ASTRO QUE DESPONTA PARA O ALERTA

Este músico já é um projecto acabado do ponto de vista de realização e identidade musical.
Foi bom te-lo visto no Palácio de Ferro, aí mesmo em frente a ENDIAMA. 

Feito que está um espaço que decide albergar a arte real, eis-nos diante um casamento entre a pintura, escultura, dança e música, um verdadeiro encanto de arte.
Depois de uma reforma, o local assimilou deste modo, um conceito que se designou chamar TRIENAL DE LUANDA, já na sua 3ª edição.

Quanto ao músico, sentiu-se que esse rapaz de sangue ovambo, definiu bem o seu rumo e enveredou pelo caminho mais sólido para se impor no mundo da música, optando pelo clássico angolano e é na música clássica onde reside o toque da sua insistência.

É ai onde flui a exigência para a perfeição e a aglutinação da poesia com os argumentos mais sofisticados da melodia e harmonia.
O desenvolvimento enquanto músico, ocorre num momento em que Gari poderia muito bem abordar estreitamentos de métodos e poderia com dois súbitos toques, chegar a um estrelato cujo sentido realçaria apenas argumentos de comercialização, sem importar-se que a música é muito mais que isso.
Como sempre, esteve presente uma perfeita exibição e verdadeira orquestração de classe e investigação.
Gari Sinedima conseguiu, e é neste alcançar que ontem na Trienal, pode fazer-me embalar, reflectir, flutuar no tempo e fazer a alma dançar com os ancestrais.
Neste espaço bem vindo para quem ama a arte, fez-se duro deixa-lo com um sabor de quem; “quer mais”!

Obrigado, meu MUCHAMANI - PILUKA.
                                                                       

sábado, 23 de julho de 2016

MAN BARRAS – VAI A GUERRA NA TURQUIA

|SÃO CENAS MIZIRMÃS|!
_____

Abriu o telejornal e o Ernesto Bartolomeu anunciava a situação muito tensa na Turquia, golpe de estado e pessoas desesperadas a fugirem sem camisas, outros com chapéus a cair ao chão e eram apenas pernas para que te quero.
“Com licença meus senhores, dão-me licença, não ouviram? Vocês são surdos ou fazem-se. Quero passar pá”?
“Mas quem é esse ai a chatear”?
“Esse ai a ova, um gajo a gritar para passar e vocês na boa, sabem que a coisa esta quente e vocês nem deixam atravessar, seus coelhos”.
“Ouve lá, cuidado com as expressões, põem-te a pau com as tuas maneiras. Diz-me lá onde queres ir com esta pressa de mocho atrapalhado”.
“Se querem mesmo saber, eu vou para a Turquia, ouviram, TUR-KI-A, vou dar carga na cena. Quando oiço disparos os meus espíritos sobem”.
“Só você mesmo! Tu metes as tripas em tudo, onde pensas que é essa tua Turquia? Em Catete”?
“Não importa se é perto ou longe, eu Man Barras determino; se não haver carro vou a pé, eu Man Barras chego lá e estrago toda a amizade. Chego, disparo e arrumo os gajos todos. Quem disse que esse tempo de crise com bilos de arroz e açúcar nas filas das lojas é para andar por ai a complicar”.
“Complicar o que Mam Barras, o que é que sabes sobre um caso desses que não te diz respeito.”
“Então, vejo pessoas a morrerem nesse tempo da diversificação, dizes que o assunto é alheio? Eu vou e verão as minhas façanhas logo no telejornal. Vão ver-me por cima de um caro blindado nos braços de duas boazudas, uma bandeira e a ser recebido pelo nosso PR com pessoas a cantarem; Força Man Barras. Força Pai Grande”.

“Vocês vão me sentir. “WO NDO MONA JI HEROI YA DIKOTA”.
                                                                                     

                                                                                  

quarta-feira, 20 de julho de 2016

MEL, DOCE MEL!

Ai …se soubéssemos de onde vem o mel que comemos!
De uma coisa tenho certeza e qualquer um concordaria comigo se afirmar que o mel é das coisas mais doces que nos pode passar pelo paladar. Ocorre sempre um gosto quando de forma natural pomos a prova das nossas atentas pupilas gustativas o sabor que nos proíbe inventar rejeição do produto.
Como ele e naturalmente outros produtos existirão por ai, com a mesma carga sacarina aliciando gostos espontâneos. Ah pois, não, quem não chuparia no dedinho?!
Mas uma vez o mel entra em minha vida na forma que me faz rebuscar a tia Candeias que na diagonal de uma breve visita ardilou-nos fortemente com um apetecível litro esvaziado de vinho, agora cheio de mel, deixando-nos numa malandra posição de tropa de infantaria em ofensiva.
Calções em suspensórios e meia-bota de camurça feita pelo tio Benedito Filipe o sapateiro e padrinho da família, elas duravam uma eternidade.
Foi desta forma que a saudosa tia encontrou-nos em casa para deixar o produto sobre a mesa e distrair-se em conversa fiada. Somadas uma hora, vivemos uma autêntica exposição a tentação e lá surgiu ela no personagem de boa tia, chateada por não nos ter visto tocar na mercadoria trazida com amor e carinho. Dai, eu e o Costa é assim que se chama o “irmão que eu puxei” fazendo bom uso deste emanado pranto, nos demos conta com a garrafa outra vez vazia em mãos, trinta minutos depois de um enormíssimo rosário de prazeres. No entanto, os vestígios nos nossos lábios e bochechinhas anémicas traduziam por si sinais de tremenda festa, enquanto as duas cunhadas (minha mãe e a tia) no desfile do palratório fazem uma pausa para o susto esperado:
“Vocês os dois acabaram o litro de mel”?
Num outro par de sustos, nos entre-olhamos na rebeldia, sem saber se aquele mel tão doce, tão doce, provinha mesmo das terríveis abelhas que ferram ou de Lumbala Nguimbo, no Moxico?! Alias, aceito todavia, que venham mais litros, seja de onde for, nestas coisas de mel doce, “Nós somos do Cazenga”.



                                                                                  
                                                                      

sábado, 16 de julho de 2016

MAN BARRAS – O SEMI PERSSEGUIDO

|SÃO CENAS MIZIRMÃS|!
_____

“Ai wé, ai wé, isso é persseguição”.
O homem levantava os braços para o ar com os olhos fechados a orar, tremia-lhe a cabeça pelo pescoço e ia cuspindo nos cantos da casa.

“Perseguições de que Man Barras, tu tens o que na tua vida para te perseguirem se até esta casa graças o dinheiro da zunga da tua mulher, até nem sei mesmo se é só ‘mesmo’ das vendas”?
“Ó Frank sei que eu Man Barras não tenho muita coisa mas um bocado também tenho. Esta gente é invejosa, não prestam. Como é que um gato deixa todas as casas e vem chorar no meu teto e ainda por cima caga logo, logo no saco de fuba, como é isso”?

“Mas, tu deixas o saco de fuba aberto e queres o que? A comida deve ser bem protegida contra os bichos e até do mau-olhado, imagina lá que uma aranha mija na panela e vocês comem. Morrem todos, principalmente você que é guloso, a comida ainda não esta pronta pedes um naco de carne para provar”.

Sempre com desculpas de mau pagador, agradava-lhe não ser vencido nas discussões, como nunca trabalhou, fazia disso uma competição de vida ou morte durante o dia no bairro. Quando todos os adultos fossem trabalhar, juntava-se as crianças e discutia futebol com eles, a ponto de tirar a camisa para lutar com os putos.

“Há, eu provo porque a minha mulher as vezes exagera um bocado no sal, é maleee”
“Isso é desculpas meu irmão, provar não é só o molho?! O Feijão pedes logo meio prato, se for galinha já não se fala, queres a parte do peito. Ainda bem assim morres sozinho porque nessa tua gulosice, quando estares caído no chão o resto da família vai ficar sem apetite. Até aquele teu filho do meio parecido contigo, come feio, 'lapagi wa kudila' . Estragaste muito mal aquela criança, ele papa que papa”.

Como sempre, vendo que está perdendo terreno na discussão, acobarda-se procurando argumentos com ameaças.


“Não insulta Frank, não provoca, já falaste de mim, agora falas da criança, daqui a pouco vais falar a minha mulher que me trata bem, depois da zunga trás sempre um pacote de vinho para aumentar os apetites do meu corpo, não achas que isso é ingerência externa de invejoso?! Te mandaram na União Europeia ou que”? ME DEIXA PÁ

                                                                             

quinta-feira, 14 de julho de 2016

MANO MÉDICO!

Um gajo roça a vida inteira (virgula) chega o momento de comer bem, esfolar os presuntos, peito alto, muamba de galinha e engordar, vens logo agora, mandas-me fazer dieta para reduzir a gordura e baixar os níveis de colesterol. 
PERGUNTA: Então porque é que lutei tanto para melhorar a minha vida? (ponto de interrogação).
Bom, já que insistes em controlar-me e porque fui eu quem te procurou, para te contentar, saiba que estou a cumprir-te a cerca de um mês.
RECADO: Para a semana passa em casa e vem buscar todos os trapos que já não me servem.
"Olha Doutor, traga também uma máquina de furar cintos, estou a boiar nas calças". (Ponto Final).
                                                                                                 

quarta-feira, 13 de julho de 2016

UM RETIRO AO TURISMO


Turitanga era o destino, enquanto os rostos simulavam serenidade, as mentes desenhavam uma aventura à um destino promissor. Marcha branda, pneus trilhando o asfalto negro na mesma cor, motores na ingestão do diesel prometiam velocidade comandada pelo ritmo da expulsão do fumo no escape.
O turismo como mote para a renovação de energias levou os montanhistas a desbravarem paisagens entre savana e praias ao longo da extensão geográfica do percurso.
Deixar a cidade grande, foi a saída para um retiro brilhantemente promovido por Cristina Silvestre à Barra do Dande.

Encravada entre as aldeias Katanga e Musseque a cerca de oitenta quilómetros, sentido norte de Luanda, um lindo lago faz a magia para a delícia de qualquer apreciador da natureza. O complexo Turitanga lodge projetado por Carlos Lopes, um músico que entre as várias facetas faz as vestes de acolhedor anfitrião, este espaço foi o posto  de comando dos “montanhas e planície” num ambiente de respeito às normas do eco-turismo.

O Passargada proporcionou outro motivo de admiração cuja paisagem incentivou a foto do grupo que apreciou o espaço que se desenha artificial na encosta de uma montanha de argila. A figura arquitectónica deste complexo semi-moderno na foz do rio Dande, abraça o mar e o rio no amor platónico ao Ndongo.


Chegou o momento em que a fome suplantada pela emoção conduziram a subida ao farol que levou o grupo a admirar os encantos de uma terra com recursos lindos, mar a vista, a baia do Dande e a paisagem típica de pescadores desde o alto.

Almoço feito no Paradiseo Resort, o esmero de uma culinária aprimorada deu espaço a um brinde à saúde e à amizade, a um passeio de moto de praia e uma vista de olhos aos acolhedores bungalós.

                                                                   

Eis o extrato da tourné de um grupo alegre e bem assessorado turisticamente, os sorrisos e abraços a contento para inveja de quem não se fez presente. 

Que o digam os brilhos nos olhos e as faces alegres de António Benvindo da Silveira, Risoleta Monteiro, Elvia Carla Fonseca, Válter Núrio, Yuri Guimarães, Eunice Machado, Gildo Matias José, Cármen Paula Miranda, Lauriano Tchoia, Cristina Silvestre, Mariano Cafelo e Karen.

***
Mar, Luz e Terra, confesso ter-vos meus
Enquanto o ar soprar ventos
Eu me lanço igual nestes confins.
***

Obrigado

LT



___||___

















segunda-feira, 11 de julho de 2016

MAN BARRAS Na final do EURO

|SÃO CENAS MIZIRMÃS|!
_____

“Qui est que se passe mon amis, há há ha”?
“Ó Rapaz isso de ‘quecepass’ é que mais? Já saíste do beco ne”?
“É língua dos pulas misturados com um bocado de mbumbos do Congo Braza, queriam enganar os tugas, falar com código e não foram longe. Lhes ouvirem pá, jogar que é bom nada, é na perna do outro que se dedicavam? Jogo é no campo não é ficar a bicar no joelho do outro que vale milhões. É para o Messi aprender mais uma vez que com Cristiano não se mete”.
“Aprender o que? Tu Man Barras viste o Messi nesse jogo? Pensas que em todos os jogos ele entra? Vai aprender mais um pouco de EURO nos livros e no google, E-U-R-O ouviste?
“Mesmo assim ‘parce qui’, comigo não importa, eu Man Barras do Real Madrid sempre que ganhamos contra todos, é contra o Messi ”.
“Tu és lixado. Então para ti quem jogou ontem foi o Real Madrid ou foi Portugal? Viste mesmo isso no campo?
“Ah se não foi Real Madrid foi quem? Aqueles tractores todos contra uma pessoa, foi o que? Aquilo fica como? Invejosos duma figa largam a bola e dão no osso. Se lhes mandaram fazer estudo num ortopedista, se enganaram”?
“Eu Man Barras ‘ne pas de quoi’, estou muito contente, estou a rir bwé, há há há, lhes demos uns ‘mona wame (meu filho em quimbundo) de uma bola a zero. Grande golo do Cristiano Reinaldo, o rapaz se encarnou no corpo do ÉDER, comprou uma cédula no pau grande quando reentrou, fintou, fintou e walala, lá dentro. É PRA SABEREM PÁ!

                                                                                 

                                                                            


domingo, 10 de julho de 2016

MAN BARRAS – O DOUTOR


|SÃO CENAS MIZIRMÃS|!

____
O culto mal acabou, depois de um breve encontro a bessangana Marta foi direito para casa, respiração subiu de repente ‘tipo’ touro ferido, o caminho parecia amarelo e vermelho nas vistas, dando pulos num andar a canguru.”
“Meu filho vens aqui dizer porque estudei muito, afinal o que foste aprender é isso”?
“O que mãe, o que se passa esta hora de um bom Domingo”?
“Tu, não me falaste porque para te mudarmos de curso, o nosso dinheiro foi atoa meu Deus? Só entendi bem depois que o pastor lá da igreja me explicou tudo, até fiquei envergonhada no meio das irmãs das”esgreja”.
“Mas, mãe…”
“Mãe o que?! Tanto estudo, mais de vinte anos, mesmo com os dólares ‘niete’ te aguentamos, afinal passas o dia a trabalhar no lugar onde os outros se divertem a noite e vens nos mentir com palavra complicadas de ginecologias? É p’ra que isso Man Barras?”. VOU TE ORAR SÓ JÁ!

                                                                       
               

quinta-feira, 7 de julho de 2016

MAN BARRAS – Os quinze já são + 2 p'ra fora

|SÃO CENAS MIZIRMÃS|!

____

No final do dia juntava-se sempre ao amigo de infância, dava corpo uma conversa tranquila, revisando cenas que faziam o sorriso surgir à toa, como habitual, as 20h00 ocorria a mudança de canal para o telejornal no lugar da novela, nano Gildo não dispensa por nada as notícias sobre política, nem desporto.
Saiu a manchete e o suspense veio ao ar:

“Esse soba, esse soba, está mesmo velho, coitado! O perigo já não lhe assusta e pensa pouco para o meu santo gosto”?

Não acreditava no que via e ouvia, o indicador que ele queria ver estático tremia como catavento apontando para a imagem na TV.

“Este é o próprio cassule ‘pirigoso’, disseram que desde que os outros saíram, as noites, ele passa pelo buraco da fechadura e só voltava no dia seguinte se quiser. Ninguém acreditava, os guardas não aceitam segura-lo por medo”.

“Se te enfia um borno (dizia-se) cais e levantas apenas na segunda-feira da outra semana sem falta, mas terás de apanhar dois balões de soro fisiológico aplicados pelo enfermeiro do bairro que estudou em Joanesbourg e paga-se com dólares”.

“Man Barras não inventa, esse rapaz é apenas o mais novo, inclusive nem sequer deve ter feito dezoito anos”.
“Estás enganado Gildo, essa calma dele não me compra. Olha para as vistas do rapaz e vê como refila! Já chamou palhaçada e tudo, agora esta a dizer que não acredita em ninguém e mandou avisar que não vai desistir. Pensas que é por acaso que a adjunta do tio batinas escondia as vistas com cabelo? É só por gosto? Esse miúdo é ‘enjoado’, sabes de quem é xará? Sabes?, Estuda a história pá".

“Calma Man Barras este teu medo é demais, isso até assusta”.

“Calma você pá, estes putos tiram tática dos livros, misturam com produtos de quimbundo e uma explosão rebenta tudo. Não sobra nem areia, nem árvores. Já ouviste falar de Hiroxima e Nagasaki? Queres curvas nos olhos ou no bigode? Vou para casa refletir o futuro”.

Man Barras antes corajoso, hoje porém trazia katolotolo no medo das pernas. Foi para a cama e nem olho pregou, acordava aos sobressaltos chamando nomes estranhos, ameaçava defender-se com cacos de garrafas e lâminas de barbear, ao mínimo ruido escondia-se nos panos da esposa que dava-lhe um ‘cocos’ na cabeça.

Na manhã seguinte entre pesadelos e sono, ouviu no programa de rádio Ngola Yetu que o homem que julgou os rapazes vai substituir o lugar deles no calabouço. Esse feitiço do puto é mesmo grande, OKO! SÒ PODE!

***

Katolotolo: Chicungunha. Cocos: Pancadas com o punho cerrado. Oko: Expressão de admiração


                                                                       

DIVERSÃO - [FOMOS BEBER DO SORRISO DOS CANHANGAS]

[Se eu soubesse não casava com essa mulata enganadora]
Depois de tudo o que fizeram, faltou apenas essa música para me fazer vir lágrimas de mocho esperto por escangalho numa semana de ressaca.
Eu não aguento nestas coisas de nostalgia a subir entre um whisky e os kalundús do Umbi, Kibala ou Miconge.
Os presentes resumiram a tarde entre uma excelente cozinha, uma boa lábia, dois copos com todos os temperos e Canções ao Vento para a poesia.
Caso para dizer ao casal Luciano Canhanga e Irlanda Salongue e acho eu que todos diriam o mesmo: Vocês Não Prestam Ya!.




CRÓNICA - [SANDÓ - I]

Sorrateiro e precavido é na audácia onde se esmerava, actos continuados de conquistas faziam-lhe merecer a réplica constante do nome, muitas mães queriam-no para os seus bebés.
“Homem tem de andar com porrinho e faca Sandó, se ver coelho tem como matar e se encontrar carne não vai sofrer a espera de emprestar apenas no fim, corres o risco de ficares sem parte alguma para cortar”. Conselho dado repetidamente pelo meu.
Sandó é xará no acto nobre de emprestar o nome e a honra, muitas vezes faz-se jus e são herdados também os feitos e feitios! Que lhe não saia a ranhosice da velhice.
Creio ter-lhe surripiado a arte da conversa e olhar para além do desejo imediato, sem pressa e sempre com os dedos a contar os dias.
Quantas vezes não cruzamos para uma conversa singular! Quantas vezes hibernamos na noite que desconseguiu mandar-nos para o berço. Riamos-nos bastante e vezes havia que eu já chegava mesmo a abusar com o raio da paciência.
Éramos reais na visão, com a diferença única do grau dos sonhos ajustando-se aos objectivos.
Não bastava um copy and past ao BI, regras se impunham para o acto de pedir o nome. Um ritual, a benção e o brinde no bater de portas, pois, xará de verdade não é fantasia para entrudo.
A figura de sandó se confunde muitas vezes com a de padrinho pelas mãos de mimos que fazem passar pela nossa cabecinha cheia de fantasias, valendo os brindes para o orgulho e alguns tostões que metiam-nos na nossa pastinha.
A liberdade de abusar corrigia-se com o olhar atento da mãe ou do papá a impor regras.
“Deixa o miúdo brincar, deixa o sandó” – “Deixa não pai, esse gajo abusa. Xé sai das costas do avô, rápido”.

Pude perceber muito tarde que convergimos no fervor de uma amizade plena e que falta sinto deste sandó que jamais virá.
Hoje sou eu quem vai ganhando sandós, mantendo o devido cuidado de um dia não ser enterrado o nome com o corpo.

“HOMEM tem de andar com PORRINHO e FACA Sandó, se ver coelho tem como matar e se encontrar carne não vai sofrer para comer”
LT

quarta-feira, 6 de julho de 2016

MÚSICA - [AZWLULA - GABRIEL TCHIEMA]

A Música que identifica o cantor Gabriel Tchiema um hino ao romantismo, prémio critica do Top dos mais Queridos da RNA edição 2009, continua actual e faz morada nas diferentes apresentações.  


Titulo: Azwlula (Abre)
Música e Letra: Gabriel Tchiema
Língua: Cokwé

Tradução - (Comentário) :
Abre a porta do teu coração e ouve o meu clamor. Pois, desde o dia em que te conheci, nunca mais dormi. Os teus lábios que beijara, nunca mais esqueci, a tua boca tem feitiço, fez-me esquecer todas coisas.
Abre... abre a porta do teu coração, (refrão)
Abre... deixa-me entrar.
Nos meus pensamentos só tu dominas, nos meus sonhos tu és sempre a personagem principal.
Na hora do comer, no lazer... tu moras no meu coração.
Fui ao kimbanda e disse-me, que amar não é doença e se quiser sentir-me bem, tu és o único medicamento.
(Refrão...)
                                             Video da música "Azwulula

Titulo: Azwlula
Música e letra: G. Tchiema


Azulula pito rhia kumbunge ye
Azulula wive kwita tchyami
Tchize tangwa nakunhingikine
Ami Thulo tchishi kwamona nawa

Mivumbo ye nashishile
Tchishi kuivulama
Kanwa rhye rhikwete vulama
Rhyangu vulamisa yuma yeswe

Azlulula azulula pito azulula  (2 vezes)
Rhya kumbunge ye
Azwlula azulula pito azulula
Ngwetchye ngu djile

Kumanhyonga jyami yena ha yena
Ku ilota yami yena
Tchipwe hakurhya mbunge kurhi yena
Tchipwe nhi massepa jyami ngurhi mbunge kurhi yeneee

Ku ngombo nguna kaya ya ngutahila ngwo
Ngwo kuzange hi ikola ko
Ngwo nhi the ngunazange kutwama kanawa
Ngwo ithumbo yami yenaaaaa

Azlulula azulula pito azulula  (4 vezes)
Rhya kumbunge ye
Azwlula azulula pito azulula
Ngwetchye ngu djile

Unana unana... (Até ao fim)







*** Uma entrevista do cantor***
https://conexaoafrica.com/2016/05/03/programa-conexao-africa-encontra-gabriel-tchiema/



[MAN BARRAS contesta a saída dos 15+1 e o outro que ficou]

SÃO CEMAS MIZIRMÃS
Saiu pela porta da sua casinha com a camisa meia posta até ao ombro direito, a outra parte ia sendo vestida enquanto corria como um raio endemoninho. 

“Esse soba quer assunto, o homem quer fazer destruir o bairro, esses homens são muito perigosos, matam-nos todos de uma vez e acabou-se, estamos fritos”!

Resmungava em voz alta sem ter-se dado conta que um dos pés ia descalço. Pelo ímpeto de cada pisada no solo, qualquer prego que se atrevesse a desafiar aquele piso do pé grosso sairia gravemente maltratado.

“Man Barras não estas a ver as pessoas no caminho? Quase rompes a coitada da velha Mafuta que mal se aguenta com a bengala, nessa tua pressa, então, o que é que viste”?
“Você fica só ai Angelina isso não é assunto de mulheres, vai só tratar a kizaka de feijão para aquele teu marido todo fininho. Naqueles ossos andas aproveitar o que”?

O homem galgou alguns metros mas regressa a transpirar ao lembrar-se que seria pecado não prevenir as pessoas à evitarem o pior.

“Olhem minhas senhoras, controlem bem as crianças é capaz de ter guerra ainda hoje a noite, …vocês não ouviram que soltaram ‘Os mais de dez’? Não ouviram”?
“Vamos saber como Man Barras, se nunca lhes vimos, eles são como? – Mizirmãs, são perigosos e o ‘mais terrível de todos’ ainda ficou 'lá dentro' para lhe acalmarem porque ferve de kalundús, é o 'mais miúdo' mas o que te faz não é de bem? O rapaz nem sequer te pergunta, te arranca o olho ou pescoço com um borno, ele é que escolhe o que atacar no seu corpo”! ~

Os gestos com a mão e a cabeça davam a impressão que via-os a escassos metros, enquanto os pés pulavam como se estivesse a fazer exercícios de aquecimento pronto para uma São Silvestre de fugir. 

“Man Barras, eles já fizeram muita guerra? – Nunca fizeram, mas estavam quase! Quantas casas já partiram?- Nenhuma, mas querem partir todas casas do mundo, só que não lhes deixam. Então porque que são perigosos? – Também não sei, mas não gosto nada deles, até porque um deles, o latom queria se matar a fome na cadeia, já viram essa coragem toda, essa pessoa assim é pessoa”?

Mas ó Man Barras, onde é que viste ai o fumo da guerra? Assim pensas que o Soba Grande fez mal manda-los para casa?! Filhos alheios podiam só ficar lá dentro só porque tu és medroso? Pede ainda para te fecharem cinco dias ou mesmo dois, se não vamos ver ficaste pele e osso! Você só ‘sabes’ pôr bom gindungo nos olhos dos outros. Vai lá OKO!


- - - - -

A FIGURA

João Aguinaldo de Sousa Nobre, de nobreza só tinha mesmo o nome, trapaceiro da última estirpe, faltava apenas o ensaio da morte para detê-lo das trafulhices. 
Quando adolescente ajustava pulungunzas em cenas de pancadaria, espalhava surras atoa no coitado do Pascoalito filho da vizinha Minga, o puto alheio era o balão de ensaio, o próprio batuque em ressonância!
Mais alguns anos cresceu e ganhou massa orgânica, pobre mãe arrependia-se não tê-lo desengravidado na gestação. Rezas, lamentos e curandeiros só pioraram, era desde então o famoso Man Barras, fazem quase três décadas de vida e o homem não se ajusta.
...
Kizaka- Folhas cozidas de Mandioqueira. Kalundús- Espíritos/Maus. Latom-Raça mista entre branco e negro. Pulungunza – Força.