quarta-feira, 6 de julho de 2016

[MAN BARRAS contesta a saída dos 15+1 e o outro que ficou]

SÃO CEMAS MIZIRMÃS
Saiu pela porta da sua casinha com a camisa meia posta até ao ombro direito, a outra parte ia sendo vestida enquanto corria como um raio endemoninho. 

“Esse soba quer assunto, o homem quer fazer destruir o bairro, esses homens são muito perigosos, matam-nos todos de uma vez e acabou-se, estamos fritos”!

Resmungava em voz alta sem ter-se dado conta que um dos pés ia descalço. Pelo ímpeto de cada pisada no solo, qualquer prego que se atrevesse a desafiar aquele piso do pé grosso sairia gravemente maltratado.

“Man Barras não estas a ver as pessoas no caminho? Quase rompes a coitada da velha Mafuta que mal se aguenta com a bengala, nessa tua pressa, então, o que é que viste”?
“Você fica só ai Angelina isso não é assunto de mulheres, vai só tratar a kizaka de feijão para aquele teu marido todo fininho. Naqueles ossos andas aproveitar o que”?

O homem galgou alguns metros mas regressa a transpirar ao lembrar-se que seria pecado não prevenir as pessoas à evitarem o pior.

“Olhem minhas senhoras, controlem bem as crianças é capaz de ter guerra ainda hoje a noite, …vocês não ouviram que soltaram ‘Os mais de dez’? Não ouviram”?
“Vamos saber como Man Barras, se nunca lhes vimos, eles são como? – Mizirmãs, são perigosos e o ‘mais terrível de todos’ ainda ficou 'lá dentro' para lhe acalmarem porque ferve de kalundús, é o 'mais miúdo' mas o que te faz não é de bem? O rapaz nem sequer te pergunta, te arranca o olho ou pescoço com um borno, ele é que escolhe o que atacar no seu corpo”! ~

Os gestos com a mão e a cabeça davam a impressão que via-os a escassos metros, enquanto os pés pulavam como se estivesse a fazer exercícios de aquecimento pronto para uma São Silvestre de fugir. 

“Man Barras, eles já fizeram muita guerra? – Nunca fizeram, mas estavam quase! Quantas casas já partiram?- Nenhuma, mas querem partir todas casas do mundo, só que não lhes deixam. Então porque que são perigosos? – Também não sei, mas não gosto nada deles, até porque um deles, o latom queria se matar a fome na cadeia, já viram essa coragem toda, essa pessoa assim é pessoa”?

Mas ó Man Barras, onde é que viste ai o fumo da guerra? Assim pensas que o Soba Grande fez mal manda-los para casa?! Filhos alheios podiam só ficar lá dentro só porque tu és medroso? Pede ainda para te fecharem cinco dias ou mesmo dois, se não vamos ver ficaste pele e osso! Você só ‘sabes’ pôr bom gindungo nos olhos dos outros. Vai lá OKO!


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A FIGURA

João Aguinaldo de Sousa Nobre, de nobreza só tinha mesmo o nome, trapaceiro da última estirpe, faltava apenas o ensaio da morte para detê-lo das trafulhices. 
Quando adolescente ajustava pulungunzas em cenas de pancadaria, espalhava surras atoa no coitado do Pascoalito filho da vizinha Minga, o puto alheio era o balão de ensaio, o próprio batuque em ressonância!
Mais alguns anos cresceu e ganhou massa orgânica, pobre mãe arrependia-se não tê-lo desengravidado na gestação. Rezas, lamentos e curandeiros só pioraram, era desde então o famoso Man Barras, fazem quase três décadas de vida e o homem não se ajusta.
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Kizaka- Folhas cozidas de Mandioqueira. Kalundús- Espíritos/Maus. Latom-Raça mista entre branco e negro. Pulungunza – Força.

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