Eram vividos os
anos oitenta, quando andar de cabelo a uma altura média contrapunha-se as
nossas cabeças lisas de hoje.
Ouvi pela
primeira vez as musicas deste senhor na rádio provincial de Cabinda, num
momento de escassez de musica nova, elas tocavam numa média de oito vezes ao dia em
todos os programas, (excluindo os programas pio).
Na condição de
soldado o único meio de ouvir musica era a rádio, meio este oferecido pela direcção
politica para nos manter informados, a alternativa a rádio acontecia quando
fosse ao final de semana visitar a mamã Françoise, dama elegante do chefe
Progresso, que dispunha de um aparelho com colunas, cuja musica tocada era
apenas de Samanguana alternando com a de Bonga por serem os únicos discos em
casa.
Com Matadidi Mário |
O disco redondo, long
play de vinil, com cerca de dez centímetros de diâmetro, tocava da primeira a
última musica e não cansava ser ouvido, na vontade de dar uns toques de dança,
ainda que, apenas mexendo o pescoço.
Ai Love Maria
Tebo Tebola, Suzana Kulibaie, eram para mim os destaques entre tantas as outras,
que faziam par ao Maria Kasputo, tem funge tem burbulha não soubeste bicular (especulava-se
tratar-se de uma piada de Bonga a primeira, primeira dama por ser mindele
(branca em fiote).
O ponto máximo de
Samanguana, para minha felicidade, foi vê-lo ao vivo no repleto estádio do
Tafe. Musico tratado como rei em carro executivo do governador Armando Dembo, com
direito a batedores e escolta de alta segurança.
Para não falhar
ao show trocara meu turno de serviço fingindo-me em “doente politico” dias
antes, para baralhar a escala de serviço.
O Homem deu um
grande recital de rumba e carregou um trofeu, levando uma moça que destemida rompeu
o cordão de segurança, subiu ao palco e dai soubemos que a levou aos camarões
onde, segundo a Chindinha, viveram e fizeram uma linda filha.
Foi este homem
que reaparecido no Royal Plaza após cerca de vinte anos, com algumas rugas mas
a mesma performance e a ginga.
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