Eu gostava tanto do João Tchikulia, alias, o Tchikulia era um dos meus
melhores amigos na infância, tanto mais que, nos permitíamos entrar em pancadas
sempre que as nossas divergências se acentuassem, chamávamos uns nervos terríveis,
ora ganhava eu, outras vezes ele, mas a amizade mantinha-se intacta da silva.
Apanhei um choque quando me veio despedir que ia á guerra, nas matas,
filiar-se a UNITA, electrifiquei por não achar uma boa atitude para um rapaz de 15 anos de
idade.
“Não vá meu amigo, tu deves é
estudar e na mata não vais conseguir”
“Quem te disse que não vou conseguir,
para alem de ser militar lá tem muitas escolas e vive-se bem”.
“Mais tu podes morrer, sabes que desde a independência
a guerra só piorou e aqui na cidade estamos mais protegidos”.
“Nunca mais, as cidades é que serão o maior alvo, serão todas partidas pela guerra”
“Nunca mais, as cidades é que serão o maior alvo, serão todas partidas pela guerra”
Lembro-me que brincávamos bastante e ele era exímio em matar pássaros com
fisgas, arma feita de borracha de camara de ar para arremessar pedras, eu é que
era um fraco, se por acaso matei um pássaro na minha vida é porque o sacana do beija-flores
queria mesmo morrer para me ver orgulhoso.
Ficou o ultimo dialogo que tive com João Tchikulia, o único amigo que me despediu
para ir a guerra e nunca mais poder vê-lo. Não sei o que aconteceria se calhássemos
frente a frente em barricadas opostas.
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