Reza a memoria que das duas minhas possíveis idas ao Kuito Kwanavale em
pleno teatro de guerra, acredito que numa delas eu seria hoje um herói não tão bem
vivo assim, talvez um esqueleto qualquer sem pele no crânio a rir com os dentes
por fora, juro mesmo!
A primeira enquanto oficial do batalhão de rádio da 5ª Região militar, indigitado
para a operação segundo congresso e a segunda (a mais fatal) enquanto parte do
sétimo curso de oficiais de Luta Contra Bandidos da escola Major Marcelino Dias
na Funda, pois o efectivo deste curso estava recomendando para a guerra de
quadriculas e estrategicamente garantido para refrescar as tropas das 3º e 5ª
Regiões Militares onde o Quetron e o G5 assobiavam numa Kitota séria.
Porque não fui ao Kuito? Porque não morri? Porque não me fiz herói ou
um soldado qualquer desconhecido?
Why: Lista feita, num ápice o chefe de Comunicações indicado para a 100ª
Brigada de Infantaria Ligeira chamava-se 2º Tenente Lauriano Tchoia, no
entanto, por ter de seguir imperiosamente para assegurar a disciplina de uma das
áreas cruciais da IIª Região foi substituído pelo jovem-amigo Iº Tenente Afonso
Pedro Ndinguili.
Entre a partilha de caserna e a deslocação para reforço da 100ª Brigada,
desce do Antanov, mochila as costas, pá individual para a travessia do Longa, brigada
dizimada, perda de comunicações e os relatos confirmavam que ninguém sobrou, nem
o jovem Afonso Ndinguili que aos seus 28 anos, dois anos mais novo que eu, sobrou
para enviar-me uma carta por aerograma militar para contar história de mais uma
epopeia.
Nota: (Relato verdadeiro, o número da brigada é fictício por não me lembrar do certo)
Sem comentários:
Enviar um comentário