domingo, 25 de dezembro de 2016

OS PECADOS DO MENINO PERIQUITO.

Era tanto confessório que muitas vezes ficava sem pecados para apresentar ao padre Martinho.
Levava empurrões da minha velha para confessa-los todas as semanas e eu sem saber onde arranja-los para carregar o meu planfond de misericórdias.
A trilogia entre o pecador Periquito, a minha mãe e o padre capuchinho de origem Holandesa acredito ter funcionado como um álibi de compensações de vontades. Educar na fé por um lado e ver objectivos cumpridos por outro, eu apenas na obediência de seguir trilhos por desbravar.
Periquito meu nome de infância embora dedicado a honrar o bom nome de meu avô paterno, desajustava-se a minha vontade por força de meio bulling sofrido por compararem-me a uma ave barulhenta da selva. …Não gostei de ter sido chamado assim!
Sem escolha alguma aos cinco anos, sem tréguas para o pároco, homem de meia idade com a boca untada por bigodes e barba castanha, com o sotaque portingles, na defensiva não conseguiu provar biblicamente como adiar ou tornar ilícito o acto de consagrar menores, supunha-se, quanto opinião publica de uma pequena vila, o Tchamutete.
Pela mão extremamente exigente e educativa de minha mãe lá cumpri o sacramento divino da primeira comunhão e tinha dado assim a iniciação da fé cristã, hoje com ritmo brando por faltar-me o último pacto religioso antes da irrevogável encomenda aos pés juntos.
Acto lindo, vestido de branco da cabeça aos pés ou vice-versa, um lanche onde entre familiares e amigos senti-me pela primeira vez o centro das atenções, “Parabéns Kito, parabéns rapaz, juízo hem, agora sim és homem”, porém, sem imaginar o meu martírio posterior em ter de preparar pecados para os confessórios de todos os domingos antes da missa.
Hoje por este lado de mais de cinquenta cacimbos, percebo que os demais pecadores do meu tempo apresentavam tarefas pecaminosas mais sólidas, entre roubos, assaltos a mão armada, traições, adultérios e tantas impropriedades morais, enquanto eu na minha fé ia repetindo a minha indisciplina de não ter aceite lavar a loiça e não ter metido petróleo no candeeiro, farpas muitas vezes inventadas para não ficar calado frente ao sacerdote.
Que desperdício às oportunidades em falar com Deus através do seu delegado na terra! Mesmo assim sinto-me com sorte por não ter inventado ter assaltado um banco, envolvido em uma gang. 
Só Jesus!

sábado, 17 de dezembro de 2016

São Cenas Mizirmãs! - KIZANGOS DO 'JORNALISTA' MORENO

“Mas então Moreno! Sais as dezoito e voltas a madrugadas, que tipo de jornalismo é esse”?
“Outra vez a mesma pergunta?! Já lhe disse tantas vezes que eu faço jornalismo de entretenimento, recolha de noticias frescas em todos os shows e festas de gente grande, quantas vezes preciso falar-te isso Marcela? És chata”!
“Eu é que passo por ser chata homem! Nunca tens dinheiro, nem vemos programa teu na Tepea, nem em rádio alguma como faz aquele mano do TeleNoticias e Horas Frias ou no Kiassabalo, onde é que metes essa tanta matéria que te dignas recolher até em after party de festas de pedidos”.
“Marcela alguma vez disse-te que sou apresentador ou locutor? Eu trabalho nos bastidores, sou o cérebro, faço entrevistas e conduzo a produção de programas mais complexos, achas ser fácil”?!
Num sábado pela manhã:
“Dá licença. É aqui a casa do Doutor Moreno? – Sim, mas ele não é doutor, é jornalista”.
“É mesmo esse, disse que ganha salário em dois lados, podemos falar com ele? – Não, ele esta fora de casa, ainda não voltou do serviço”.
– “Ai é! Estão a lhe esconder? Então o gajo do homem meteu barriga de sete meses na miúda pequena que estava na nona classe e nem vem falar com a família até hoje? ...Mana gorda ela vai ficar aqui contigo e ai de ti se ela se queixar de algo mau”!
“Ticha tu ficas, toma, pega a tua trouxa, a partir de hoje vão viver as duas mulheres do bandido na mesma casa, ou ele pensa que engravidou cabrito”.
"Esta bem mamã vou 'fica'. Tia não comi desde manhã, os três nenés estão a chatear na barriga, vou entrar na cozinha e fazer um pouco de arroz doce, tem leite"? 
***
Irritada com o atrevimento da miúda:
"Aló, aló Moreno seu sacana duma figa vem já agora, vem ver o teu entretenimento dos bastidores produzido em programas complexos. Nesta casa da minha herança não vão ficar! Bem que sempre desconfiei. Antes que eu incendeie a tua mala, tira-a rápido, porque tu e essa tua treca nesta casa; ra, ré, ri, ro, ruaaaaaaaa.

Mas é o ‘zomem’!


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Kizangos - Azar
Kiassabalo - Sabado
Zomem - Homens (plural)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

ESPERANÇA MIRANDA BRILHANDO NO ARTZ.

Os frutos do The Voice Angola engalanaram o espaço místico do Casino Marinha. 
Claramente que ela e os seus já cantavam bem antes deste game, sendo o oposto, jamais teriam pisado aquela rígida tribuna do The Voice, que os apresentou a janela mais ampla das artes, elevando-os ao estrelato. Tomará, não fosse o caso, até eu lá estaria, com a minha voz desafinada a afugentar sardões. 
Espaço seleto a fazer juz ao esforço que o meu amigo Herlander Glenóide mesmo ‘estando na hora de treinar’, dá o toque a notável gestão cultural da casa e não se cansa em apadrinhar novos ‘bons’ talentos. Desta vez a quebrar mais um galho e responder a dúvida que pairava sobre o destino dos rebentos que o nosso royalty show pariu.
Recolhidos à porta por alegres garçons, fomos acenando aos presentes, ver chegada a hora do motivo e sob a sombra ouvir a voz que se afirma segura no mercado, era a Esperança Miranda de tom suave e na métrica, revivendo o meu The Voice de algum dia. Ela brindou-nos com viagens pelas mais conceituadas baladas e soul music, para quase surpresa, carburou-nos com o talento de dois colegas seus, num tom que só quem sabe pode fazer; El Vince e Selso Cézar, dois Thevoicianos de primeiro plano cantaram e encantaram os presentes.
A noite de sábado prometeu, nos alegramos e fizemos o nosso jango. A mesa trazia sorrisos de James e Mark, Rosaria de Castro, João da Cunha e a minha mais selecta e legitima figura de alta segurança, lá saímos aos beijos e abraços pelo aumento do amor 'lá em casa'.   
Valeu!
















terça-feira, 6 de dezembro de 2016

SÃO CENAS MIZIRMÃS! - TICHA

“Bom dia mana Joana é que mas que te faz correr essa hora bem cedo”?
“Me segue Lemba, me segue, querem agredir a Ticha numa vais velha, falaram que usou mais a técnica dela de roubar marido alheio”
***
“Ticha ouve, o que se passa mais desta vez miúda, alugar quarto de sozinha afinal é para isso”?
“Me larguem, não me puxem nos ‘pisticios’ eu não mandei os talos zomens ficarem boelos quando se batemos encontro, se quiserem podem lhe levar, ele sozinho vai voltar”


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Pisticios  - Cabelos postiços
Zomens -  Homens
Boelo - Pateta. burro

ANDRÉ MINGAS CANTOR QUE EU ESPEREI

“Reviver André Mingas é voar na melodia mística de um cantor elevado à casta dos
ícones desta terra”.
                A voz madura de um artista, no show que vou adorar, é sem dúvidas um momento para dizer, no final, que valeu a pena estar  na magna sala do Royal Plaza, esta que se tornou no Santuário “Real” da Música angolana, no sentido de “marca”.
                Por que não acreditar que, como eu, Luanda se mobilizará para um show  ímpar, imperdível e único, que vai fazer reviver o meu artista?
                Já é da praxe, fazer do Plaza o nosso espaço, a nossa órbita preferencial, onde gravitamos nos meses que correm, pelas razões que os ‘showistas’ bem conhecem, justamente dado o vínculo que articula o público e a equipa que se esmera e se dedica para que, cada um de nós se sinta na presença de uma relativa forma de estar: o bem sentir.
                Show do Mês, um show de excelência à parte do show principal, tudo porque a casa nos reeducou à pontualidade e ao viver de um momento que combina o glamour na humildade, o sorriso na simplicidade e outra vez a alegria do “bem sentir-se”, claramente identificável em cada rosto que aborda o Plaza, sabendo sempre que vai estar bem consigo próprio e com os outros.
                Sente-se circular em cada show uma afeição antecipada, dada a interacção do seu público nas dicas que se fazem passar, no pré-show e prognósticos de uma conjuntura que se vai fazer acontecer. Podemos crer!
                A marca Show do Mês, fidelizou um público. E que público! Gente sedenta em desfazer-se do ócio, das turbulências e exigências do dia, em busca do pão numa vida partilhada onde os importantes somos nós e os nossos. Homens e mulheres que na fuga de ver as suas vestes envelhecidas no guarda-roupa, encontra o álibi para desfilar e bem, na passarela do sorriso.

                Depois de terem passado por este palco,  músicos de uma linha fina do nosso “music-hall” angolano, como Gabriel Tchiema, Orquestra Kapossoka, Selda, Irina Vasconselos e Mukenga, eis que é chegada a vez de emprestar a sua voz, nada mais nada menos, que André Rodrigues Mingas Júnior, o “GASMIN”, num cruzamento com a figura que introduziu “Kalunga”, o Mar das descobertas, do desterro, do suprir do sal, salgado, e tudo quanto se faz para saciar a fome dolorosa, e sonhos envolventes, na sua arquitectura de cantar o amor.
               
                Kalunga bairro negrinho
                nome que veio do mar,
Foi um escravo bagageiro
                que foi de barco p’ra lá

                Trouxe palavras novas,
                kianda virou iemanja
Calulo virou mukeka,
                funge virou batapa
               
                A MULHER esculpida para dar vida, a pérola do amor, se fez vestida nas canções de embalar, na letra e na melodia de um soneto com a mística de uma voz de sempre. Ele (André Mingas) soube sorrir e chorar no silêncio e, como poucos, fez a canção mulher, à dimensão versátil, esgrimindo o mais sublime e puro, superando o dilema transversal deste corpo Luz.
                   
                Oh minha flor, minha luz do sol/
                A fantasia e a cor da minha vida/
               
                Cada minuto em teu olhar/
                Um palco onde os meus sonhos/
                Ganham vida, esta vida.
               
                Eu guardo das manhãs/
                O acordar, contigo ao amanhecer/
                Beijar teu corpo nu/
                Um jeito de dizer amor, bom dia...
               
                O NACIONALISMO se fez confundir entre o cancioneiro e o actor social, procurando galvanizar a sua gente para as frentes do dia-a-dia, buscando uma esperança, um sorriso, uma flor, uma palavra amiga e foi assim que fomos  aconselhados a agarrar hoje o tempo, falar de amor, de carinho e de paz, pra no momento certo colher jasmim, fazer poesia com todas as letras, contar as estrelas, saudar a vida e ver os deuses iguais a Ele…. E porque não?! E por que não crer nesta comparação da utopia real, a ombrear com o soberano das alturas.
                E por que não, visto ser digno... o propósito?!
                A canção de Mingas, celebra a vida no pregão da Zungueira do seu tempo, na Kitandeira do prato de cacusso do Panguila, fazendo querer que o amanhã, será melhor. Pois o sol brilha na conversa amena da moça que se enamora, nos olhos de ver e no sorriso matreiro da amiga que insinua; sem trocar por nada esse sabor do chão e do café, por qualquer viagem a Amstardam e Copenhaga, porque faz do que é seu, a sua galáxia primeira.
                André Mingas e o seu talento reúnem consenso, fruto de uma educação de esmero, aos cuidados de uma família que se dedicou, por conta de uma relação de consanguinidade com os génios de Liceu Vieira Dias, Carlitos Vieira Dias, Rui Mingas, outros actores próprios desta terra, assim como o meio que o envolveu.
                Não se podia esperar outra coisa do arquitecto, que enquanto artista se preocupou sempre, na introdução do Belo, da Estética e de celebrar a Arte Prima, condenado a fazer passar uma música que estimula um sentimento que viaja suave, no ouvido menos atento e o valor no sentido próprio, de uma postura que eleva o homem, as tribunas de seres únicos por força de uma eximidade sonora que nos envolve.

                E hoje, porém, nos rendemos ao talento de uma obra cosmopolita cujo legado deve marcar presença insubstituível nas academias de amanhã e tudo porque: os feitos superam a dor.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

HÉLIO CRUZ, DA BATERIA E O ANIVERSÁRIO

Entre os bateristas que eu conheço, este é simplesmente o meu.
Exímio na percussão, hipnotiza com as baguetas ao sabor melódico da balada e na cadência do choque da batida enamora o espírito que se joga eriçado ao verso.
É bastante bom vê-lo fulminar no fundo do palco, onde se encaixa e confunde-se com o jaguar ébrio em savana densa.
Homem feito para a música, e executa com mestria os mais complexos temas do seu tempo.
Parabéns Hélio Cruz, parabéns mestre da Bateria, sempre que o sopro da vida me autorizar, continuarei a apreciar o teu trabalho.


sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

MENSAGENS AMBULANTES

“Não tome pela força o dinheiro de ninguém, fique contente com o seu salário”
Mais uma daquelas aulas ambulantes 'do traseiro' do candongueiro.
Estou contigo meu operativo desde que não me venhas dar mbaias, ou me ponhas na bauka. Hoko!

Nota: Nos candongueiro (taxi colectivos),angolanos lemos mensagens bastantes sugestivas cujos conteúdos em forma de sátira nos conduzem para reflexões surpreendentes, nos remetendo a gargalhadas enquanto conduzimos ou nos remetemos a introspeções inusitadas, vendo-os em mbaias (zig zag) e o sorriso dos passageiros na bauka (assento adaptado por detrás do motorista). 

PIONEIRO ANGOLANO

No fervor de uma época em que o 'Pé batia esquerdo'. 
Arrastou comandó era o argumento mágico da travagem p'ra Ngangula!



Nota: Uma fase pois independência que marcou a vida da minha geração infantil, estava substituída a mocidade portuguesa e outros movimentos juvenis por razões de viragem histórica. Era uma escola de valores e princípios incentivando sobretudo o patriotismo, com sloganes direccionados aos estudos e humildade. Enfim ...a nossa OPA (Organização do Pioneiro Angolano). 
'Um ponto de ordem Camaradas'.  

domingo, 20 de novembro de 2016

ESTA MINHA ANGOLA É BWÉ

Mil perguntas duas mil conversas fazem-nos perceber o mosaico que faz a base que consagra este povo nosso.
Final de semana é pau para toda a obra. O pedreiro rouba cimento; lá vou eu com trungungo que Deus não me quis dar e resolver tudo no sábado pela manhã; sai um pouco de justiça por mãos próprias ou a policia adianta.
Prima lutou com o cunhado pela madrugada e teve de fugir de roupa miúda; é melhor ele desaparecer, porque outra vez no sábado a tarde venho e parto-lhe a fuça. Onde foi que achaste esse cambuta para se manterem e dás-lhe logo sete filhos? (De novo eu feito porco a dar conselho ao javali).
Domingo dia de paz, depois do culto a procissão de visitas que por azar, man João saiu agora mesmo, foi ver o quintal que comprou na Sapú; coisa de Bakongo que já não ouve deixa, porque no lugar desse espaço baldio, quintal é terreno com muro contornável.
Mana Joana foi nasgreja buscar bênção de arranjar bom marido, vai Luandense que transforma o nome do templo do senhor e faz proveito milagroso para buscar felicidade efémera na capital.
Fecha a porta da candina, para não entrar qualquer um, Kuanza-Nortenho só mesmo tu, vá consultar o mestre mudo e ver se cantina tem a ver com isso ai que dizes.
Vuxe está brincar pá; cresce meu kwanhama, cresce também na fala muchamani, esse peito e altura não te permitem falar como criança, usa 'voce' no lugar do que foi dito por ti.
Tudo trocado nesta viagem à Cabinda, a pronúncia é possível, mas a preguiça altera toda fonética; Ah Marria, vem mborra comer Aroz, …tchali.
Homem feliz és tu por seres portador de duas mulheres, nessa vaidade de Malanginho que se acha titular ou emissário a transportar bens femeninos, trás consigo dona Lúcia sua conterrânea e a Biena dos carinhos e mimos na luta para manter a posição de primeira mulher 'é que manda'; ainda vem só logo em casa, pala comer qualquera coisa, ó mano wé.  Hoko!

Enfim, aiwé Ngola.

Foto: Via Net

sábado, 12 de novembro de 2016

MAN BARRAS NÃO ENGOLE POR NADA, ISSO AÍ, DE TRUMP!

Josefa vai ao quarto do seu tio e vê lá o que se passa, são dez da manhã e ele nem sequer se levanta da cama?
A chuva mansa de inicio de época caia e com ela vergonhosamente as últimas folhas que teimavam secar e aceitar o fim de carreira e respetiva aposentaria, para dar lugar ao desfile verdejante da flora tropical.
Sinais de falta de limpeza à entrada do anexo denunciavam ausência, demência ou morte do morador que ao toque forte dado com as dobras dos dedos sobre a porta, apenas ouvia-se gemidos de sustos; ‘wa wé Trump”!, “p´ra que só Hillary”.

Mais gente juntou-se ao anexo de Man Barras prontos para forçar a entrada se esse não reagisse à ordem; “abre a porta pá, abre ou rompemos isso”!
Anuiu ao anúncio e surgindo espantosamente magro, barbudo e desfigurado, os gritos dominavam o espaço: “Esse gajo tipo quilombo (albino) não gosta de negros, bate nas bundas de mulheres sem maneira, como é que ele vai mandar nos esteites”?  Mas tu Hillary não podias dar só um beijo no gajo e lhe meter boelo (parvo)? Agora vês os estragos desta tua fidelidade doentia?! Homem é tudo igual, vence-se seduzindo, ó miúda, saias curtas e silicone no peito, quantas vezes te avisei?! Uma falida (facilitação) no homem não faria nada mal”?

“Ouve lá Man Barras sua pulga insurreta, estamos a falar de alta política, esses truques funcionam no teu musseque (subúrbio), ouviste seu rosqueiro da treta, pensas que é com essas ideias que o mundo funciona? Quanto ao Trump julgas que vai te afectar em que? Sabes a quantas milhas de distância estamos do homem que estás a falar?
“Deves estar doente de tal forma que em vez de remédios precisas uma boa surra e uns bons clister de santa-maria com sabonete lifeboy, para te desintoxicar e te endireitar o juízo”.
“Bom, então vocês vieram ter comigo com ameaças? Um gajo estava no seu canto e vocês penetram? É isso?! Pensam que com esses vossos corpinhos de gafanhoto vão conseguir travar aquele homem quando chegar? Nem tu Gastão, nem tu. Aqueles teus treinos de ginásio do bairro estão apenas a te meter torto, julgas que vão te ajudar em algo?
“Aqui no bairro já dizem que estes teus exercícios te tiram a potencia de fazer filhos, gastas tudo nos ferros, pensas que as mulheres não falam”? Cuidado!

Isso não caiu nada bem a Gastão o jovem mais temido do bairro nestas coisas de pancada a sério e desata a briga: “Olha rapaz parto-te eu agora, sem precisares esperar que o homem chegue, tira a camisa se és pessoa visível, alias, ele nem vai dar-se ao trabalho de sujar sua mão lisa no teu corpo de meio morto, tira a camisa seu langrinhas mal pausado, parto-te os cornos”?
Enquanto num truque de judo Man Barras vê-se a metro e meio do chão onde regressa segundos depois, como uma trouxa inchada, Gastão volta a cair-lhe em cima fazendo argola com as mãos no pescoço fino do coitado.
“Larga o outro, larga, … acudam, …peguem os braços do homem, …foge Man Barras se esconde nos panos da mana Marcela”.
“Eu fugir, eu Man Barras, ...nunca, ele vai ter que me engolir, sou pequeno mas o que faço não é de bem”. Correu para a sua mochila, retira uma navalha que ameaça espectar quem se aproximasse dele, todos viraram inimigos e Man Barras ganha terreno com aquela arma branca na mão e os intrusos saem a correr.
***
Ferimentos, lágrimas, sangue e dentes partidos a mistura, o assunto foi levado à comissão de moradores que não sabia como resolver o caso, porque os emissários não sabiam onde entregar a notificação, a esse tal de Trump o homem causador de problemas. 
Os efeitos Trump tinha começado justamente naquele bairro bem distante de Washington. Hoko! 
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domingo, 6 de novembro de 2016

KIZWA GOURGEL VS JAZZMENTE

A ser propositado, a chuva miúda deu-se mal, por não ter conseguido desmobilizar um público que só estava para o seu ídolo, muito pelo contrário, fez-me amiga e tão mansa como um dia entoou Cesária Évora, na dedicatória sobre “gotas de São Pedro” que esverdeiam os campos, na versão mais linda do canto lusófono.
Quem teve de vergar-se a determinação e viu gente nos quatro cantos apôs o cessar da chuva, foi o Zodabar, espaço aberto que recebe o Jazzmente numa periodicidade bimensal.
Dois toques das baquetas alarmaram para o concerto musical, um acorde nas cordas do violão, a chamada para a entrada dos instrumentos e ocupar amenamente o seu lugar. Uma harmonia e a voz a encher o espaço hospitaleiro.
A puberdade da noite deu Kizwa Gourgel no palco, com temas bem conseguidos, e como pluma a viagem fez-se actor de um bom som, com respeito as regras mais perfeitas na matéria do cântico como arte-ciências.

O som subia e o friozinho batia, convidando ao aconchego térmico de corpos que apelavam o sabor do amor. Agasalhos sobre o dorso, ou afogar este quase incomodo companheiro ocasional num copo de whisky com gelo.
Do musico e a sua musica já sabíamos o que daria, pois Kizwa já é uma verdade se agregarmos o elemento qualidade e disciplina, pois este músico esta condenado a não defraudar pelo berço que o concebeu e o mérito de uma herança sólida, cujo baixar da guarda o tornaria pouco digno a uma geração de legendários que sempre o circundou.
Como num recalcar da mensagem faço uso desta pena, para passar um recado das figuras como André Mingas, Beto Gourgel, Teta Lando, Lourdes Vandunem na primeira pessoa: “Estás proibido de falhar, tens de manter o fio”.

Quanto ao show foi marcante o dueto com Arieth Feijó na pele de Yola Semedo a interpretar “Depois do fim” e fê-lo sem deixar sombras para argumento algum, casou bem sua voz, ela tem futuro.

Tivemos acesso a uma aula do bom canto, eu A D O R E I !


                                Dar um Click aqui   Video "Depois do Fim"

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Sons, Cantos e Contos
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Fotos: Pagina do Jazzment, Entretenimento 360º

Repórter/Administrador: Lauriano Tchoia


G A L E R I A
















quinta-feira, 3 de novembro de 2016

MAN BARRAS E A SUBIDA DO IMPULSO

“Pim, pim, pim, GastiTel, o seu saldo não é suficiente para completar essa ligação, faça o carregamento com urgência, deita o Samsung no contentor, ou se atira no mar se ficares nervoso e sem juízo, olha ainda tens outra opção, dança kuduro na árvore ouviste?! E se poderes mete corda no pescoço, para te levarmos no quatorze depois de 24 horas”!
"Mas ó Man Barras, isso é oração ou praga geral?1 Até já nem abres os olhos e ficas com o bumbum no ar sem antes tomar banho, viraste salamaleko de repente"?
Fazendo figura de coitado o homem mantendo-se de joelhos sem olhar para quem o perguntava, ia batendo com a palma das mãos no chão.
“Isso esta mal mizirmã, a coisa esta mesmo muito negra, sobreviver neste clima de impulsos niete, comer à toa na casa da família nem pensar, enquanto ele come, lês jornal de patas para o ar, se te derem chá é sorte, se dar coisas de borla só água da torneira, coas com pano e bebes, prepara fraldas descartáveis para não se envergonhar na rua”.
Fez uma pausa para ajudar o enquadramento das ideias denunciando nervosismo fazia gestos de quem pega um microfone e regressou aos delírios fustigantes.
“Eu Man Barras não estou a entender, como é que o mano do pelouro saiu a rua para zungar produtos do seu cliente, falar que eles devem mesmo subir. Num vimos ninguém quando subiram o pão, o mano boss da gasolina que subiu, até parece que tirou férias para as Bahamas, você já pai grande abriste o peito, nos falar que esta bom! Isso mesmo se faz? Até apanhei febre amarela de retroactivo.
A Consumitel mandou uma carta para o pai grande, em nome dos heróis tombados, dos mártires de todos os kibulus, pus lá português de saudações fraternas e revolucionárias, falei também um pouco sobre ‘o mais importante’ do kota Nguxi, acho que ainda não recebeu, senão já agia, não viram no preço do lixo como resolveu?!
Enquanto a resposta da mukanda tarda, vamos se responder só com bipes, liga só não vale. Ai wé, ai wé saldo de 900, não sei se te choro como ou como! Ndi kulila ndati a sardo?!
“Rim, rim, rim, aló Man João, essa é a ultima chamada que te faço, agora vamos só se telefonar com sinais, num ri mas muito nas conversas, pedir sal manda a criança, fazer ciúmes é cara a cara, não é com saldo do namorado, não faz adianta só, estou a ‘disconfiar’ essa carta não vai ter resposta”.


sexta-feira, 28 de outubro de 2016

HOMENAGEM Á UM GRANDE HOMEM


Kamba Diame Mário Rosa ponto com, nosso ilustre companheiro e soba grande da montanha.

Tudo o que vês aqui nesta noite e que com muita honra te entregamos, é o calor desta malta humilde, rapazes e meninas de sacrifício, que se juntam para o abraço no mais puro sentimento, …e todos eles sabem bem que a vida se faz dando passos nos degraus, por vezes subindo e outras vezes descendo, mas sempre ao lado dos nossos.

É o vergar da guarda na primazia de querer estar presente, para o calor fraterno e celebrar o amor sem dikulos nem kigilas destas malambas que nos deixa olhar na incerteza temporal.

Os recados são enormes que não cabem numa só mukanda, TATIANA veio da tuga com uns carinhos caprichados de irmã e me avisa para por palavras de meiguice da CRISTINA que no luxo do seu chefe de estimação, se desdobra na emoção do aconchego paternal.

É fila a vir, são valores a considerar com EUNICE MACHADO a comandar, a JOANA DOS PEITOS no meio do cenário a controlar, a KANGUENGUE, A DJANILDA, a ROSA e a GINA a complementar o cenário de JOAQUIM LUNDA que vai. … nas Calmas!

Tem de sair uma rebita, juro que vou aproveitar. Nessas coisas de umbigadas só dá mesmo com a CARMEN porque nós os dois ‘se chegamos’ na altura.

Até a PATY MAIATO veio e trouxe teu sobrinho CRIS DE HOMEM pois não quiseram perder o boda.

Voce é bwé pai grande, nosso embaixador no desporto, que se lixe quem não gosta, nós aqui se formos chamados vamos te eleger como boss da FIFA e por favor me nomear signatário dessas coisas da bunfunfa. Eu mas!

Se fosse na músico, podes ter a certeza, que abririas a próxima temporada no Royal Plaza, foi o YURI E A YUMA SIMÃO que o disseram. Já que a cunha com patrocínio estaria garantida com o Man LUIS FERNANDO da Media Antiga que já foi Nova algum dia.

Temos juniores e juvenis a brilhar, uns jogam bem, outros se canelam nas kinamas, o MARIANO e YURI GUIMARÃES, nossa geração dos kassulinhas, acostumados a ganhar mandaram o SAPINALA p’ro KK para se dar treino com dikotas na vunda grande do vamos se ver em 2017, isseazari.


Da vanguarda pontual também temos, como estrela da equipa o ‘tal’ TCHOIA das kitotas, assessorado com firmeza pelo recém reformulado ANTONIO RENATO que infelizmente tirou voado, pois tem jogo fora, nesta jornada derradeira.

As pessoas lá no bairro não estão a entender nada, as quilumbas se perguntam “esse Mário é quem, mas?! Quem é esse Marito que lhe falaram ontem no discurso da nação”?

Não está fácil meu irmão, mas com calma chegamos lá, somos nós mesmo a se dignificar com o sorriso de verdade, anda que anda nesta vida vamos te ouvir um dia no vivência do ARMINDO LAUREANO, esse mesmo da diáspora, nosso adido cultural e plenipotenciário da montanha, muadiê que não se cala e só lhe olhamos já, pois esse já não muda, nunca, nem com massagem de giba.

Falar mais pra quê se as obras deixam trilhos, quem foi que disse que o Man Barras não te olha e abana a cabeça!

Assim só nos resta mesmo dizer: Obrigado Mário Rosa de Almeida por tudo aquilo que és para nós. HOKO!!!


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Glosário:


Kamba Diame-Meu Amigo / Malambas-Azares / Dikulos-Problemas / Kigilas-Makas / Boda-Festa / Bufunfa-Dinheiro / Kinamas-Pernas / Dikotas-Idosos / Nvunda-Luta / Kitotas-Tiros / Quilumbas-Moças / Muadié-Senhor / Jiba-Inflamação do Peito.

G A L E R I A