sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

RÁDIO LUANDA E O HOMEM QUE CHOROU RANHO


Man ‘Rafaele’ soluçava e esperneava, de tal forma que não podia ser visto como lágrimas de crocodilos, a sê-lo então estaríamos diante um teatro apto para ganhar óscares em Hollywood.  
O pobre do homem dizia que se ia matar. “Vou se matar”!
“A minha mulher esta doente e tenho propinas por pagar na escola dos meninos. Ai wé.
Gemia feito um rinoceronte bravo e fazia ondas com o canto do choro, ora em nota alta, ora médio tom, ora baixo, ora baixinho mesmo. “Ai wé, fui burlado, ai wé todo o dinheiro foi, ai wé vendi as coisas de casa, ai wé pedi dinheiro de juro, ai wé sem fim”.
Ouvi-lo dava para imaginar que caia para o chão em trambolhões de desespero da cadeira e o coitado do Paulo Miranda e seus comparsas, tinham de levanta-lo várias vezes e dar-lhe o lenço do bolso a molhar num único espirro de pranto a ponto de serem necessários rolos de papel higiénicos para enxugar o molho de lágrimas, ranho e ramelas da cara do chorão cidadão.
Resultado; nem viagem de curso de hotelaria, nem emprego no (falso) hotel BelMar e adeus 200 mil kuanzas. 
“Mas então Mam Rafaele tiras toda a reserva do garrafão e entregas aos burladores?!” 
Agora, porque sou da Lunda e não tenho ninguém para me ajudar! Mesmo que fosses da Kibala ou da Malásia Man Rafaele. 
Juro que ao ouvir-te, senti emoções incontroláveis, ora sentia pena, até pensei em raspar a minha mesada da conta para te ajudar, confesso que também dei umas boas gargalhadas por não me lembrar ter visto um chorão de mil quilates, mas confesso ainda, que não me faltou vontade de dar-te umas boas galhetas.
Agora fica como? Até foste parar no aeroporto bem grifado para viajar ‘lá fora do país’, assim choraste toda a noite ou só xinguilaste diante os microfones do Kiandandu?!
Te burlaram papá, por teres desprezado conselhos.
Isso é assim mesmo, Ati, watimba kalete!

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