Dizia-se na boca pequena ter sido
fruto de um feitiço grande, outros diziam ter ele um primo ministro das tantas,
não era possível um homem recém chegado e sem militância reconhecida ter atingido
tão alto cargo local.
Revoltava-lhe a miséria das populações,
reuniu os quatro engenheiros e distribuiu linhas de actuação; “Tu Samukongo ficas
com a cadeia de legumes, os outros ficam com a dos cereais, um, o mais gordinho, com as aves e suínos
e o último com mandioca o banana”.
Tão logo foram cabimentados os
valores para a implementação do PIIM Man Barras, o administrador, desafiou-se a
si e aos engenheiros. “O povo não come estradas nem postos médicos”.
Saíram a madrugada, ele e os
engenheiros, regressaram depois de setenta e seis horas com máquinas, sementes,
insumos, e um camião, tudo comprado a pronto. Fizeram acordos com fornecedores e compradores para outros apoios, mobilizaram a comunidade que já estava de sobreaviso e dia
seguinte estavam todos a produzir em massa, sob orientação dos engenheiros.
“Onde anda o velho Kadomingo”? Ninguém
o via a uma semana. Este que afinal era queixinhas dos outos e apareceu dias
depois com uma delegação da província com ordem de exoneração do Man Barras, que
só não foi preso, porque o povo revoltado não deixou.
Man Barras mudou-se da casa do
governo para a fazenda e orientava a produção local, onde dois meses depois saia
o camião de legumes, e meses seguintes ovos e leitões. O povo nem falava mais
em posto médico, porque quem come bem não adoece à toa.
Com os lucros, devolveram o dinheiro do PIIM, a comunidade construiu a escola com seis salas e pagava os professores. Os miúdos que já não iam a escola
devido a fome, nem mais queriam saber da merenda escolar, exibiam pão com churrasco
e salada.
O novo administrador que não sabia mais o que fazer com o dinheiro do PIIM, olhava envergonhado para o Man Barras que desfila vaidoso e o velho Kadomingo, de tanto desprezo até dos próprios filhos, acabou enforcando-se e enterrado apenas com a presença dos coveiros.
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