terça-feira, 23 de julho de 2019

MAN BARRAS e a sua implementação do PIIM

Não se sabe como, Man Barras, o trafulhas, fez do sonho seu cavalo de batalha e veio a torna-se administrador municipal, passou a ser o gajo que mija.

Dizia-se na boca pequena ter sido fruto de um feitiço grande, outros diziam ter ele um primo ministro das tantas, não era possível um homem recém chegado e sem militância reconhecida ter atingido tão alto cargo local.

Revoltava-lhe a miséria das populações, reuniu os quatro engenheiros e distribuiu linhas de actuação; “Tu Samukongo ficas com a cadeia de legumes, os outros ficam com a dos cereais, um, o mais gordinho, com as aves e suínos e o último com mandioca o banana”.

Tão logo foram cabimentados os valores para a implementação do PIIM Man Barras, o administrador, desafiou-se a si e aos engenheiros. “O povo não come estradas nem postos médicos”.
Saíram a madrugada, ele e os engenheiros, regressaram depois de setenta e seis horas com máquinas, sementes, insumos, e um camião, tudo comprado a pronto. Fizeram acordos com fornecedores e compradores para outros apoios, mobilizaram a comunidade que já estava de sobreaviso e dia seguinte estavam todos a produzir em massa, sob orientação dos engenheiros. 

“Onde anda o velho Kadomingo”? Ninguém o via a uma semana. Este que afinal era queixinhas dos outos e apareceu dias depois com uma delegação da província com ordem de exoneração do Man Barras, que só não foi preso, porque o povo revoltado não deixou.
Man Barras mudou-se da casa do governo para a fazenda e orientava a produção local, onde dois meses depois saia o camião de legumes, e meses seguintes ovos e leitões. O povo nem falava mais em posto médico, porque quem come bem não adoece à toa.

Com os lucros, devolveram o dinheiro do PIIM, a comunidade construiu a escola com seis salas e pagava os professores. Os miúdos que já não iam a escola devido a fome, nem mais queriam saber da merenda escolar, exibiam pão com churrasco e salada. 

O novo administrador que não sabia mais o que fazer com o dinheiro do PIIM, olhava envergonhado para o Man Barras que desfila vaidoso e o velho Kadomingo, de tanto desprezo até dos próprios filhos, acabou enforcando-se e enterrado apenas com a presença dos coveiros.

sábado, 20 de julho de 2019

MAN BARRAS - O metro entre querer e poder.


De visita a terra mãe, Man Barras vivia se beliscando para sentir se o corpo emagrecido pela zunga era mesmo dele, os olhos apardalados não o impediam de ver a felicidades dos outros.

 “Viva o camarada presidente fulano que nos faz bem” . “Viva”. É que o povo dizia viva, pulando, sem necessidade de espontâneos artistas, estes fazem-se.

A mudança de vida afinal não custa; A cerca de dois anos o município recebeu 20 tractores, duas sementeiras, e 3 alfaias para colheita de cereais, tudo enviado por sua excia, coisa de custos, mais ou menos dois Lexus.

Estava em efervescência a terra, o bom do presidente do novo governo que recebemos agora, fazia tudo para ver o seu povo feliz, logo depois de eleito, pegou em um município por província para pilotar modelos sustentáveis, com pouco dinheiro e participação do povo.
Abriu-se um banco de microcrédito e o povo recebeu dinheiro que pagou no final da campanha depois da colheita. Abriram-se lojas de semente e adubos e o povo comprou e pagou e restou para contribuir para uma pequena cooperativa habitacional que erguia casas sociais condignas que cada camponês pagaria em cinco anos.
O escoamento do produto, foi canja, compradores e produtores se uniram, terraplanaram as vias e o produto saia para as cidades em cadeia. Quatro engenheiros voltaram felizes a terra, entre eles o meu compadre Samukongo.

Furos de águas subterrâneas e ruas iluminadas com painéis solares traziam a felicidade e a bonança de modos que havia até mulheres que queriam ter dois maridos já.
Man Barras estava de boca aberta por ver que o povo afinal não é preguiçoso, bastam-lhe apenas meios, um bom governo e o resto era conversa.

As crianças luziam nos lábios de sorrir e nas barrigas cheias o brilho fazia espelho.
Planos na cabeça de Man Barras viraram infinidades, voltar a cidade, …nunca dingui, pena que entre planos e outros, estava acordando de um belo sono, filho da pe.u.te.a.