Brunno Neto foi o
artista, cantor, regente, professor que se apresentou em grande na sala do Memorial
Dr. António Agostinho Neto para nos deleitar de boa música, numa actuação sui
generis.
Tomamos conhecimento que foi um
concerto preparado ao detalhe, o cantor e os demais músicos não queriam de
nenhuma maneira defraudar o público que ocorreria ao espaço e confesso que cerca
de metade, foi sem saber o que os esperava.
Viveram-se aproximadamente duas horas,
de um concerto do jovem que faz parte da casta de músicos, cujo investimento
feito para a sua formação no Instituto Superior de Artes em Havana Cuba, o
país jamais se arrependerá, dinheiro bem gasto pá. Em Brunno Neto temos sim um
grande músico.
A festa foi lírica e fomos
banhados por uma aula com temáticas supercomplexas de execução em termos vocal,
cantar aquilo é preciso ter caixa e garganta com saúde a sobrar. Aposto que, se no mínimo
duas filas daquela sala estivesse ocupada por músicos da nossa praça, confesso
que no final, metade deles sairia dai a repensar na carreira.
O reportório fantástico do
barítono levou-nos a ouvir Ich habé genug, um tema de Bach, cantor oriundo do
sacro Império Romano-Germánico, cantou-se Comme parle vezzoso, Bella Cubana e
eu sinceramente me esbarrei de boca aberta na interpretação de La Boheme do
francês Charle Aznavour, adoro particularmente este clássico.
Estes foram os temas que
começaram a dar voz a noite e a retirar o frio da barriga, tanto do músico como
do público que passava a confirmar que não foi para aí perder o seu magnífico
tempo.
Soavam palmas na sala e os
assobios ligeiros deixavam de serem tímidos, acreditando todos nós, que para
além de desfrutar, estávamos num lugar sagrado, pois repousa a escassos metros
os restos mortais do primeiro presidente de Angola. Era também para nós uma
visita ao Nguxi.
O mergulho na música clássica
fez-nos viajar em temas do canto lírico, canto Erudito e Fantasma da ópera,
fazendo sentir-nos invejavelmente num conservatório da idade medieval.
Entre todos os entretantos,
vivemos momentos de pura teimosia quando o cantor Brunno Neto sacou temas
Angolanos em kimbundo como Avó Beia, uma música de Pedrito que encaixou como o
pé no sapato na voz lírica, canção vinda a propósito para a dedicação ao seus
progenitores, o papa e a mamã, que se fizeram presentes no local para verem o
artista deles.
Fez-se um Rock disciplinarmente
aligeirado que nos fez reviver os tempos dos grandes como os Bittles, The Rolling Stones e outras
bandas que rasgaram o mundo com o som metálico da guitarra.
Não faltando convidados como tem
sido da praxe, o professor Brunno Neto trouxe a aluna Su Valente que mostrou
que tem potencial e esta no caminho certo, veio outra surpresa na voz lírica de
Marilia Alberto que depois de um dueto, ficou em palco para nos encantar de tal
forma que; só Deus!
Com o andar dos minutos começamos
a acreditar no ditado que avisa; o que é bom dura pouco, mas sabíamos que o
caramelo viria no final, pois, eu a Dama, o Osvaldo Trombeta e o Christiano
Nsungo nos deleitávamos de sorrisos rasgado, com selfs e o abanar aprovativo
das cabeças.
Depois de interpretar Bonga na
famosíssima canção Mona ki ngui xiça ou se quisermos (mona mona muene kissweia
weza, mona mona mwene, calunga nguma), seguiu-se Yolando del hermano Cubano
Silvio Rodrigues, um trovador intemporal, saiu da cartola Emanuel Mendes com o
seu vozerão Tenor, dispensando tudo o que era microfone.
Foi um momento de empurrar com o
sopro da voz qualquer barco em alto mar, onde juntou-se o anfitrião para ambos,
cobrirem a ausência de Gomes por razões de saúde e escangalharam a sala.
Contando hora e meia sentados sem
darmo-nos por isso, entra Jay Lourenzo com o tema It´s a man de Pavarotty e
Jammes Brown num momento de bater palmas sem cessar e poder observar o queijo
levantado dos sorridentes espectadores.
Sala cheia, boa gente, luz, som e
banda de superdotados, foi o cenário que não queríamos ver fechar, tal, qual, criança cujo sabor do sambabito se esgota lentamente na boca.
G A L E R I A
A estreia da aluna Su Valente |
Com o companheiro inseparável o tenor Emanuel Mendes |
O fecho com Jay Lorenzo |
Os Pais Senhor Domingos Neto e Conceição Capangue Neto |
Lauriano Tchoia
17/04/19
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