Foi um show
indigesto para tanta canção, entre a dança desautorizada e a sátira, a poesia e
as palmas que não se rogavam parar de bater. Meus ouvidos estavam movidos à perceber
Paulo Flores e a sua poesia social, este cantor preocupado com o “nós” do nosso
colectivo abstracto.
Fomos todos uns Kunangas
do amor, a ver o homem em palco que resumia de forma clarissima a imagem de um
certo Makalakato neste tempo da nossa zunga munhungada, nesta conversão dos barriga cheia e nós
os filhos do papé alçados entre as canções nostálgicas nos desafiavamos a dominar
cada canto que se fizesse ao reportório da noite.
A musica entrou
com vida, no solo endiabrado de três “monstros” da guitarra, faziam acordes sobrepostos
no tim tam de Teddy Singui, o guineses Manecas Costas e Pirica Duia, tipos cujo
DNA se mistura com o som da guitarra. Era tanta cabeça a abanar por si.
Enquanto fui lá
dar um like, esperava pelo Baju, uma das varias canções a despertar jikulo messos na rebeldia passiva do meu cantor, musica de intervenção num show que nos alertou que
o homem também é bom de dança. Pois o baju mereceu toques de golfinhos.
O homem de
puchinho foi um autentico bufalo em palco, marcou seus dotes como um artista que
rompeu a bandeirola vermelha do toureiro Yuri Simão, este viu fumo, ficou
arrasca nos seus menos de metro e meio, via-se claramente que as principais
regras do show do mês não estavam desenhadas para este cantor. Isso ficou
claro.
No gozo do canto
e na graça do momento Paulo pediu para nos abraçarmos na paz e lá estava eu na
magwela de braços dados com um parlamentar a esquerda e um executivo a direita,
pena não ter calhado com o ministro das finanças e da economia dos dois lados.
Com esta chance não me importaria por nada ser arguido.
A banda foi super
como sempre, a convidada Aline Frazão trouxe alma e a equipa de serviço no máximo
do seu profissionalismo, mas Paulo Flores foi por si a superação de um show que
devia acontecer todos os dias, como no sorriso da dor da trança de tia Gina.
QUEM FOI FOI pois
que este filho do Cabé não é um artista para acabar de ser ouvido.
E por tudo o que
vi; fiquei com o dedo colado a dar muitos like.
Reportagem; Som Cantos e Contos
Imagens: Show do Mês
G A L E R I A
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