quarta-feira, 22 de março de 2017

Opinião | BANCO POSTAL UM BANCO DE INOVAÇÃO SOCIAL.

Inaugura-se em Luanda o Banco Postal, uma réplica universal de abordagem do circuito bancário vinculado a actividade postal e desta forma a capitalização de um sector que se quer afirmar pela inovação e a intervenção num segmento próprio para o caso de Angola.

Estamos diante uma iniciativa de capital público privado, sendo a cara desta obra os Correios de Angola, a ENSA e o seu Grupo, assim como os investidores privados EGM-Capital e o C8-Capital.

Este actor do sistema financeiro surge num momento de reservas funcionais do sector bancário, o que suscita aglutinados interesses quanto a (in)certezas do momento para se avançar com um investimento de tamanha monta.

Acredito que muita tinta irá correr sobre os desafios propostos e o posicionamento sócio-estratégico da sua actividade, querendo perceber-se a priori o que o país ganha com esta nova presença, ou se não estaríamos diante de mais um elemento da santíssima trilogia que se assume ser mais e apenas um banco a vir juntar-se ao rosário de lamentações comedidas.

Visto deste prisma, o seu plano de negócios e a abordagem dos seus mentores, apresentam razões subentendidas, expondo um projecto de inovação diferenciada que agrupa uma componente sui generis de actuação no mercado.

Estão assim estruturadas três unidades autónomas de negócios focadas de forma inovadora para uma intervenção sócio-empresarial muito forte, importando-se com factores de integração financeira como agente de cidadania e agregação de valores em cadeia, deixando no ar a pergunta se é ou não necessário e possível este estimulo.

É sim possível e é notável que o propósito esta bem alinhavado, muito pelo investimento em processos bastantes complexos e onerosos, vocacionados sem meias medidas para atingir os resultados alvitrados sem se apartar o investimento feito ao capital humano, factor primeiro para o sucesso e neste capitulo a corrida está sendo feita a mil por milha.

O Banco Postal chama a si o pressuposto de inclusão financeira, com bases muito solidas no capilar da literacia financeira, assessorando o seu cliente ‘tipo’, congregando a necessidade de fazer-se um banco incitado para Angola.

Visa-se respeitar pressupostos próprios de uma abordagem do contexto e lançar à terra uma marca que conglutina, sem desprimor aos conceitos universais de respeito as boas práticas e o alinhamento ais desideratos do complience, sendo o rigor o toque para o sucesso.

Com o Banco Postal estamos diante condimentos claros para a reforma da actuação no mercado, assim como se desenham passos firmes para apoiar o alavancar da economia, esperemos que o fazer acontecer se afirme e sem percalços os resultados se alcancem.

Banco Postal é para sí.

Bem haja família Postal


Lauriano Tchoia

sábado, 18 de março de 2017

AUTOBIOGRAGANDO-ME III

Não eram fáceis os dias que corriam na vila de Cassinga, muito embora a gama de expectativas pareciam alimentadas de alentos incertos.

O pânico devaneava nas mentes ambíguas, falava-se de Lumumba que viajava feito um pneu de camião a rolar pela estrada, outras vezes fumo de avião branco no ar durante o dia, vezes ainda, estrela assombrada durante a noite.

Pescoço a partir, ordenando a cabeça a inclinar para cima, olhos esbugalhados e dedos apontando suposições, ver que é ver o Lumumba isso não víamos … nem pintado!  

Debandavam-se os guardas e soldados no pânico, assim como homens negros que não queriam ser levados ao Congo pelo chefe dos terroristas, homem escuro, ‘irmãos cambutas’ bwé mau mesmo, apenas dizia-se!

Brincadeiras nossas de guiar carro, bola de catechu a correr a nossa frente, João Chiculia mais atento nestas coisas de semipolítico nos manda ouvir Angola Combatente no Sharp a pilhas, dizendo que Angola era dos pretos, os brancos teriam de ir.

Sinceramente não gostei da ideia, ver meu amigo chicoronho Zé Manel ter de partir nunca poderia ser com meu apoio. O gajo era branco bom, e como ele muitos eram, incluindo a sua irmã Maria do Rosário que me compelia a brincar de marido e mulher, eu negrinho sem aptidão para coisas de amor lá ia na força abraçado a rir sem jeito, refeições feitas me obrigando comer flores, sorte que as mesmas não tinham veneno, senão, já era o maridinho de brinquedo.

O Zé repartia o seu lanche connosco, era o barra nas contas de divisão e ajudava a cabular, com ele eu ficará mais amigo depois de termos lutado.

Ainda me lembro da Augusta, essa eu não perdoo por nada, numa pequena discussão acusou-me que eu lhe tinha pegado na chucha esquerda de mulata e tentando proceder em conformidade na temática de lhe querer ngombelar.

Logo eu que era batizado pelo padre Eugénio Salesso, eu que ia a catequese e rezava aos domingos?! De nada valeu o desmentido e todo o meu CV de filho de igreja, rapaz tem sempre culpa, levei da minha mãe uns puxões de orelhas e o meu velho veio a matar com cinturões no meu lombo, a ser hoje com ossos rijos, a massagem teria de ser com folhas de malva, gipepe e ditumbate.


Não faz mal miúda comeste adiantado, hoje que ninguém mais me bate tirando a policia, se me apareceres a frente pego-te nas duas chuchas de uma só vez, …safada.

*****
Cambuta – Homem baixo.
Bwe - Muito
Catechu – Bola de cabedal
Chicoronho – Residentes em colonatos agricolas
Ngombelar – Violação sexual
Malva, Gipepe, Ditumbate - Medicação caseira


sexta-feira, 10 de março de 2017

AUTOBIOGRAFANDO-ME II

Outra vez eu aqui de retorno ao meu estagio infantil, filmes reais de cowboy como Gringo não perdoa, Hércules, Sansão e Dalila e o Último comboio para Katanga faziam o meu Hollywood vistoso na tela do cinema sem cobertura e nós os principiantes da temática, esquivando na plateia os tiros do Xerife do faroeste. - Os gajos disparavam p´ra caraças, a última bala rompia os miolos do rei dos bandidos!

Como primogénito estava feito disco duro, programado para ensaios da absorção de vontades, laboratório dos pais temporões no ensaio de ‘male criado’ um a querer antecipar conhecimentos não adquiridos e outro a puxar orelhas para responder alto e em bom som um bom dia tios de mostrar boa educação nas pessoas. Virtudes!

Batas, professora, giz e cadernos, eu sob a carteira, iniciando a descortinar rácios aritméticos inventos por Sócrates, Aristóteles e Mendeleev, russos e gregos duma figa, mais velhos barbudos sem juízo, abandonados por mulheres por não terem tempo de cumprir as matemáticas exigentes das profundezas do quarto. Estão a brincar com mulheres, pensam é só assim nê? Tu é que dás a massa e ainda te obrigam a elogiar as unhas, estou paiado!

Fugas ao assunto não, menino Tchoia.
Calça voluntariamente arreada, uma lâmina fez o trabalho completo, prepúcio no pinico, deixei de ser Kinhungueiro. O sangue cujas gotas tinham vinte e quatro horas para estancar, sorte minha, era não ter tido o vício de fazer uso diário dessa ferramenta tão protegida entre calças e biquínis a luz do dia, ao contrário de Mendonça meu kota, que se entregou aos dezanove anos, com já alguns voos em pistas de lábios.

“Tio tenho fome, quero comer”. – “Vangula umbundo, kulo a ku niohõ ko”. 
O arrepio ao meu apelo à fome e ter pedido comida em português, valeu a reprimenda para nunca mais na minha vida, neste lugar de circuncisão, (tradução da frase acima) voltar a falar a língua de Camões aproveitada por Salazar para oprimir povos tugas de lá e de cá.

Eu que numa redação da terceira classe jurara junto da professora Odeth vir a ser padre, estava ai, com rasto no rosto encalhado entre o conflito dos ensinamentos escolares entregue a está pratica secular de preparação masculina para futuros campos de batalha.

Canções ensaiados ao pôr do sol e o alvorecer, ao fundo a voz da menina de treze anos que paquerada por meu irmão preferiu-me a mim, eu aceitei e transformei-a em cunhada do atrevido do meu puto. Sem raiva nem magoas, cada qual com sua sorte.

Nestes desfiles de coincidências, um filme inverso e já em longa metragem, levou meu pai à algumas bassulas de cuanhamas que batem feio, multas e cafriques por nestes treinos de adultices malandras, ele encaixou bebé na barriga da mulher do outro, já viram! Vindo com isso a descomandar os neurónios da velha Ngueve minha mãe, que nem sequer imaginava que passava as noites de casada com um traidor ao lado. Cabrão de merda!

Voltando ao meu caso, depois deste potencial de valores agregados, hoje por hoje, não sei não, se ainda assim, quero mesmo ser padre.

quarta-feira, 8 de março de 2017

ALINE FRAZÃO A voz com Alma no Show do Mês.

Dois paradigmas memoráveis levaram a superação de uma eximia cantora ao Show do Mês no Royal Plaza.
Estava feita a estrela ao primeiro toque, num tom e na ginga do corpo, a canção que embala a voz emprestada de Aline Frazão.

O Plaza fez por merecer a presença de tão ousada figura do cântico e da trova que se afirma em passos firmes pelo mundo, faz-se sólida na perspectiva do rigor e já provou que não negocia por nada a predisposição do bem fazer.

Ter visto Aline quanto a mim foi o afirmar de outros momentos brindados através do Luanda Jazz Festival, Miami Beach, Chá De Caxinde e desmistificar a sua irreverência afirmativa em olhar para o bem como meta.

O Show Do Mês de Março não perdeu por nada o vinculo dedicado a mulher deste tempo e desta terra, na sua representatividade que soou a brinde destes seres dignos que fazem o mundo ser por si, o mundo que somos.

Fomos levados e apreciar ao vivo e com veemência os temas do Clave Banto, Movimento e Insular, três obras conceituadas que marcam a sua trajectória registada, foi o reafirmar da aceitação no duplo show que a Nova Energia proporcionou ao seu digno publico neste mês de Março, neste mês Mulher.

Foi um recital, foi uma aula para rever no youtube, por acreditar que não se repetirá em breve.

Voltamos os pescoços ao ver anunciar os seus convidados, não seria digno, não fossem Sandra Cordeiro e Gari Sinedima a emprestar qualidade num espectáculo que não teve espaço para baixar.

Os desafios apreciados nas viagens que o show exige, fez explosão na criação de dois monstros musicais (irmãos) feitos Rui e André Mingas criadores seculares que esta terra um dia terá de os fazer renascer, foi com Morro da Mainga (fruta ta, fruta ta) e Miles, Meury e Liceu (Lalipo, Cialeno Kiambote, Nde, Dei, Nde Ndei), que meus cabelos carecas voarem de arrepios.  Subiu-me o estases na interpretação da miúda.

E do show em si, o meu reconhecimento continuo ao Nino Jazz e Mayo Low e pelos demais do “conjunto” que não pouparam a entrega.

Fica o recado à Aline que depois deste show, ainda voltaremos a nos ver por ai!

Ao Yuri, Yuma e turma, não pensem que deixo de parte o meu Ngassakidila por me terem posto a abrir o show naquele nobre palco. “Obrigado pelo mosaico, vamos construir Angola, de Angolanos para Angolanos”

Feliz Oito de Março!


G  A  L  E  R  I  A

































A NOSSA CONDIÇÃO DE MULHER

“Antónia lava a loiça, ouviu? Olha limpa o chão e cuida bem da sua irmã. Ela ainda dorme, quando acordar faz papa para ela e depois de comer dá-lhe um bocado de quiçângua, engoma também a camisola do papá e o calção azul que ele mais gosta de usar quando vai ao bar com os amigos”.

“Mamã volta cedo a ver se resta pelo menos uma hora para eu brincar com as minhas amigas, está bem”?

“Não tenho a certeza filha sabes que a fuba vende mais ao final do dia quando as donas de casa preparam-se para fazer o jantar, não posso perder a dikomba, até porque amanhã tenho de pagar a propina do teu irmão antes que lhe expulsem da escola”

“Mamã então não temos o direito de gozar o dia oito de Março”?

Temos sim minha filha, a nossa condição obriga-nos a gozar este dia com suor sobre o tanque de lavar a roupa, A nossa condição obriga-nos a gozar o dia nessa “condição”! 

segunda-feira, 6 de março de 2017

O PRIMO COMO IRMÃO DO PÃO GIGANTE DO CACUACO

Depois do mata-enteado este veio provavelmente harmonizar os sub-estigmas.
A objectiva ou a falta de perícia no trato da imagem não me permitem apresentar o tamanho real do seu porte físico, (um gajo também não pode ser especialista em tudo).
Ao devora-lo eu ficaria apenas por um, mas os putos de casa manguitam com dois e as meninas entram no desafio.
Cada 50 seria o ideal mas os tipos obrigam-me a duplicar a doze na aquisição, deste novo actor que se entendeu chamar por BEBUCHO QUE KWIA. Angolano 'nomeia' Hoko!
"Vou bumbar então aonde Beto de Almeida"?

sexta-feira, 3 de março de 2017

AUTOBIOGRAFANDO-ME

Consta dos autos de uma conservatória dos registos civil que eu nasci na Caála, aqui um a parte para as varias apreciações que assumem o ‘fui nascido’. Sim, nessa Caála do Recreativo do futebol, do Kalupeteka profetizante e do Mi sob Mosquito que no final de tudo, quem sabe, virilmente aconselhado, desencheu-se na fala das batotas sobre coisas de chutar a bola com trafulhices de bastidores. 
Ter aí subterrada a minha placenta também me foi apenas feito constar e não constitui objecto de duvidas, alias, não iriam meus pais mentir-me, por simples razão de não alterar o gráfico dos seus rendimentos financeiros. “Mentir não dá dinheiro”, naquele nível.
Vivendo afogados e desafogados conforme os ordenados mensais e os seus devidos subsídios os relatos ainda disseram que entre o colo e o dorso da minha progenitora, amarrado em pano, fomos nós enquanto pessoas, conduzidos para este Tchamutete da vida, na Huila que me quis fazer adolescente da conjuntura, por razões profissionais do sr. Cassinda (meu pai).
O absolutismo familiar não me delegava poderes alguns de admitir se adorei ou não esta mudança, pois, aos pais da era não se obrigavam a estas de-mo(s)ca-cias participativas de gestão de bens próprios entre os quais o lar. 
Fulgurava em Cassinga uma promessa gigantesca de elevar a riqueza da Angola de então e de lá os poucos habitantes beneficiando dos prazeres que a industria extrativa em evolução proporcionava na pequenice do meio, um monstro no desenxergar da minha miniatura figura que se assustava à tudo.
Entre os minerais ferrosos e o ouro que se apresentava no subsolo, os meus apetites circundava-se aos mergulhos inocentes e pesca pelos rios Calonga e Kului, o ver jogar a bola entre a Jamba, Mupa e Tchamutete e a malandrice em por espelho no chão para ver se enxergava as intimidades em saias das meninas, o que me valeu uma tripla surra da professora Luduvina versus minha mãe e um par de tabefes de meu pai, sem que algum proveito tivesse conseguido dessa singela aventura. 
Solta-se o conflito armado e o regresso à base se tornaria inegociável, sem apelo nem agravo, pois fechava-se a industria mineira de Cassinga com suas imponentes máquinas pedindo ao menos para serem sucata e assim os relatórios promissores de crescimento mineiro desfizeram-se em projecções financeiras desastrosas.
Euzinho aqui sem pelo menos uma barra de ouro nos cofres de Londres como saldo desta epopeia. Fidacaixa!